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segunda-feira, 19 de maio de 2008

MADEIRA: POTÊNCIA ECONÓMICA

"A Madeira tem todas as condições para ser até ao final deste século uma grande potência no Atlântico", disse o Presidente do Governo Regional da Madeira. Isto é, temos de esperar oitenta a noventa anos, o que significa que mesmo os que agora estão a nascer dificilmente desfrutarão desse eventual bem-estar económico e social que o Presidente prognostica. Ele não estará por cá, poucos se recordarão desta frase e, se tudo decorrer bem, talvez os historiadores possam analisar esta declaração à luz dos acontecimentos dessa altura. Até lá os madeirenses e porto-santenses terão de pagar as dívidas e suportar os juros sociais e culturais consequentes das loucuras de trinta e muitos anos de insustentadas políticas.
Esta declaração é, do meu ponto de vista, inaceitável. Desde logo porque não se fundamenta em estudos previsionais. Todos sabemos que nos tempos que correm, a necessidade de ter certezas em relação ao futuro para que o possamos interpretar e responder adequadamente, cresce ao mesmo ritmo do grau de incerteza relativamente à organização desse mesmo futuro. Ademais, a previsão assenta sempre no processo de planeamento (é a primeira fase do processo de planeamento) e este aspecto, todos sabemos, não constitui um instrumento de gestão forte do governo Regional.
Por outro lado, as questões da previsibilidade ligam-se às questões da mudança. E aqui podemos considerar três tipos de mudança:
A Mudança Fechada. É um tipo de mudança própria de sistemas fechados e deterministas. Trata-se de um tipo de mudança que situa a causalidade entre os acontecimentos do passado e o futuro. Digamos que é possível uma certa extrapolação.
A Mudança Contida. Onde há uma relação de probabilidade entre a causa e o efeito. Aqui entram os aspectos estatísticos.
A Mudança Aberta. Nesta situação não se consegue chegar a uma conclusão, isto é, a um entendimento sobre as repercussões futuras das políticas hoje desencadeadas.
A questão que se coloca agora é a de saber em que tipo de mudança o governo se situa. Na minha óptica aproximo-me da mudança aberta, porque é sintomático que o governo tem vindo a navegar à vista, sem instrumentos. E sendo assim, aquela declaração constitui apenas uma balela igual a tantas outras face às quais apenas caem os incautos. É espuma política ou apenas fumo.

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