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segunda-feira, 12 de maio de 2008

PODER INSACIÁVEL

O poder é insaciável. O poder nunca está satisfeito, quer sempre mais e mais. E quanto mais tempo de poder pior, mais a engrenagem tende a aperfeiçoar-se porque, a partir de um determinado momento, pelo seu próprio desgaste e pelo medo da perda dos privilégios, os actores do poder desesperam e só encontram resposta no controlo total da sociedade. Numa perspectiva mais lata, eu diria que a ditadura também se modernizou. Hoje, no mor das situações, a ditadura não precisa de fazer sangue e de gerar presos políticos. Como já alguém disse, é mais "raffiné", impõe um regime não democrático fazendo passar a imagem da liberdade. A ditadura moderna é paciente, utiliza a inteligência, a pressão, a ameaça, a coacção, a promessa e corre serenamente por fora, controlando o associativismo público, o privado e a própria Igreja. E o povo, coitado, com o défice cultural que transporta e com o medo do futuro, nem conta dá que é arregimentado e que funciona no sistema como marioneta ao serviço desse poder ditatorial e autocrático.
Paulo Ferreira, actual presidente da Junta de Freguesia dos Prazeres pelo CDS/PP afirmou que não irá recandidatar-se nas próximas autárquicas. Diz, na edição de hoje do DN-M: "Não posso admitir que em pleno século XXI, onde deveria haver total liberdade de escolha, haja ainda pessoas ligadas a um outro partido que constantemente exercem ameaças e pressões psicológicas sobre elementos que eu convidei anteriormente para integrarem a minha equipa. Nesta terra ter uma opinião contrária é ganhar um rol de inimigos e de problemas".
É a consequência de um poder avassalador e insaciável. Um poder que não permite sequer válvulas de escape das tensões, que não se contenta em governar em maioria absoluta na Assembleia Legislativa, nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Municipais e em quase 90% das Juntas de Freguesia. Quer mais e mais. Quer o poder total. Nem conta se dá que, por esta via, está a construir a arma da sua própria auto-destruição. É uma questão de tempo, porque "não há bem que sempre dure nem mal que perdure".

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