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segunda-feira, 26 de maio de 2008

MORDAÇA DEMOCRÁTICA

Ouvi e fiquei arrepiado. Não pelas palavras não serem habituais, mas pela forma e pelo fácies demonstrativos de uma arrogância sem limites. A declaração "(...) não permitirei que os bombeiros da Madeira sejam incomodados por energúmenos e, portanto, quem os perturbar é expulso", é de quem convive mal com a Democracia e, portanto, com a saudável luta de contrários. Eu, se lá estivesse, voluntariamente, e se não dependesse dos míseros euros para a minha sobrevivência, saía do pelotão e depositava aos pés do presidente do Governo Regional as insígnias, capacete e machado, mandava-o para a forma e ponha-me a andar. Porque não aceito, seja lá a que pretexto for, numa cerimónia pública, o tom agressivo como se trata homens e mulheres que dão o seu melhor na defesa de todos nós, subjugando-os e colocando-lhes a mordaça democrática na sua boca.
Se melhorias aconteceram nos últimos quinze anos em todos os quartéis da Região, ao nível da formação e dos equipamentos, disso não subsistem dúvidas. Está aos olhos de todos. Só que, quem governa, com meios orçamentais para tal, não fez mais do que o seu dever. Mas também se sabe que há muito para fazer relativamente ao nível da capacidade de intervenção, dos novos enquadramentos e dos direitos que assistem aos bombeiros. E para isso é salutar, é de extrema importância, cada um ao seu jeito, sindicalista ou não, dizer em alto e bom som as correcções que se impõem no sentido da prevenção, da formação e da defesa do respeito que os "soldados da paz" devem merecer. Uma coisa é a disciplina, o rigor e a existência de uma cadeia de comando que tem de ser respeitada, outra, é arrasar o diálogo, instalar o medo e a desconfiança entre os operacionais.
Ou será que a expressão utilizada pelo Presidente do Governo também também se aplica àqueles que licenciam obras em sítios que impedem o socorro imediato?

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