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sexta-feira, 30 de maio de 2008

"DOSSIER DE IMPRENSA" E A MOBILIDADE

Infelizmente, apanhei apenas a parte final do programa da RTP-M "Dossier de Imprensa". Os jornalistas estavam a abordar a importante questão dos transportes urbanos e num momento em que o jornalista Nicolas Fernandez assumia a necessidade de taxar a entrada no centro do Funchal. Não vou aqui posicionar-me sobre o que foi dito (repito que não escutei todos os comentários), embora tenha de dizer que, pela parte que segui, leva-me a estar muito próximo da posição de Nicolas Fernandez.
O problema da mobilidade constitui um assunto muito complexo. Lamentavelmente, a Câmara do Funchal, apesar dos sistemáticos alertas da Oposição PS, levou mais de dez anos para promover o estudo de mobilidade. Estudo que veio a determinar, grosso modo, o que já se encontrava nas declarações políticas que podem ser consultadas nas respectivas actas. Assistiu-se, de facto, a um laxismo (que continua), muito grande em função da preparação da cidade do futuro. E a prova dessa ausência de visão e de responsabilidade está, para além da grandes medidas estruturantes, na ausência de contenção urbanística nas freguesias periférias do Funchal, no significativo aumento dos parques públicos e privados de estacionamento no centro da cidade e no encolher de ombros aos sete a dez mil automóveis que, anualmente, entram no Porto do Funchal. Hoje, com cerca de 100.000 automóveis, a Madeira tem viaturas que, se as colocássemos umas atrás das outras, obtínhamos uma fila equivalente a Lisboa-Viana do Castelo. O problema, como facilmente se deduz, é muito complexo. E temo que comece a ser tarde para o resolver. Aliás, julgo que se trata de uma prioridade absoluta no investimento.
A solução (pelo menos a minha opinião) levaria a um texto muito longo sobre as varáveis que estão em causa. Mas, por mais voltas que se dê, o ponto de partida está sempre baseado nos fluxos de trânsito: os pendulares, isto é, os que vêm das freguesias periféricas para o centro e regressam, e os movimentos longitudinais no eixo Câmara de Lobos - Santa Cruz. É aqui que temos de encontrar a solução. Sendo assim:
- Para a mobilidade pendular, não há outra alternativa que não seja a da criação (efectiva) dos designados PARK & RIDE. Estacionamento e ligações ao centro, em bus, em corredor próprio. Parques que não necessitam ser cobertos. Há tantos exemplos por essa Europa fora. Conheço muitos e o preço é simbólico (turistas ou não) e pode variar entre a contribuição para o estacionamento, apenas para a ligação ao centro ou combinado. Mas é sempre simbólico porque os custos da qualidade de vida no centro das cidades (mobilidade, comércio e poluição) constituem um investimento e não um prejuízo no orçamento público. Uma rede que teria de ser complementada com um inteligente serviço de transportes escolares, libertando os pais dessa tarefa. A rede, defendida pelo PS-M na Câmara e outros considerados técnicos, nunca foi assumida e hoje a solução parece estar completamente abandonada.
- Para a mobilidade no eixo Câmara de Lobos - Santa Cruz (grandes dormitórios) a solução passa pelo metro de superfície. Custa muito dinheiro, evidentemente que sim, mas só por aí é que, a prazo, a cidade se libertará desde peso do automóvel que mata a cidade, lenta mas seguramente.
- Dentro da cidade, há que criar três ciclovias. Há mais de doze anos que se reclama essa necessidade. O Funchal tem três corredores planos e com diferenças de cota não significativas: o corredor Pontinha - Estação do Teleférico; Mercado - final da Avenida Arriaga; Campo da Barca - final da Rua da Carreira. A bicicleta pública ou particular tem de ter corredores próprios.
E aqui chegados, tarde ou cedo, com as condições criadas, sou favorável ao pagamento para entrar na cidade de automóvel. O centro, abaixo da cota 40, deve ficar para a circulação pedonal, para os transportes públicos, ambulâncias e outros socorros.
Há, efectivamente, novos hábitos a aprender. Mas quando é que Governo e Câmara resolvem arregaçar as mangas e começar a trabalhar com soluções de futuro?

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