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sexta-feira, 9 de maio de 2008

A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS


Volta e meia, não, quase todos os dias, para sublinhar que, afinal, a Madeira está bem e recomenda-se, comparam com o Continente aquilo que não pode nem deve ser comparado. Aliás, são poucas as intervenções do partido maioritário na Assembleia Legislativa da Madeira que, a páginas tantas, não emirja o discurso contra a República e a comparação de alguns dados.
Ora, esta obsessiva luta contra o Governo da República, está aos olhos de quem segue o dia-a-dia político, apenas serve para esconder ou mascarar as crónicas insuficiências governativas da Região. Deslocam, intencionalmente, o centro das atenções e preocupações para fora da Região na perspectiva de manterem a ilusão que, por aqui, vivemos no melhor dos mundos e, se mais não é feito, é por culpa de uns políticos "colonialistas" de Lisboa. E o problema é que muitos, oportunistas ou não, dependentes ou não do sistema, vivendo ou não à mesa do orçamento, contentando-se ou não com as migalhas da mesa, compram esta tese que, de tanto repetida, é aceite e até valorizada.
Intencionalmente, passam ao lado de muitos e preocupantes indicadores gerais e específicos, ignoram o rol da monstruosa dívida pública, esquecem a pobreza, a fome e a exclusão social, nada querem saber sobre a delicada situação do comércio tradicional, do analfabetismo, das grandes limitações culturais, ignoram que somos uma Região Autónoma dotada de capacidade política e administrativa, que os problemas aqui gerados têm aqui de ser resolvidos, para que a culpa seja sempre atribuída aos outros. Os do "rectângulo" (triste forma de se referirem ao País que pertencemos!) é que são sempre os culpados do desastre político que não querem assumir. Trata-se de uma estratégia, como outras, mas sem futuro. Seria bom que tivessem presente as palavras do estadista estadunidense Abraham Lincoln que um dia disse: “Pode-se enganar alguns durante muito tempo; pode-se enganar muitos durante algum tempo; mas não se pode enganar todos durante todo o tempo”. É uma questão de tempo.

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