Mais de cem elementos, repartidos por dez modalidades, partiram para as Caraíbas, a fim de participarem nos Jogos das Ilhas "Guadalupe 2008". É evidente que se trata de um compromisso assumido há já vários anos e, portanto, não me parece bem que a Regiião retroceda relativamente à sua presença. Trata-se de um encontro que espero que, no actual contexto, no mínimo, assuma uma consistente componente cultural no âmbito da formação dos jovens no que concerne ao encontro de povos. Mas também não podemos esquecer que o motivo é desportivo. E sendo marcadamente desportivo a questão que se coloca é a de saber se os Jogos, para a Região Autónoma da Madeira, reflectem ou não um momento de diálogo competitivo e de aferição do trabalho realizado ao longo do ano. Os Jogos, neste aspecto, deveriam constituir um momento de verificação da qualidade. E aqui reafirmo, muito claramente, que, para a Madeira, eles só podem reflectir o errado modelo de crescimento e de desenvolvimento desportivo. Aliás, as classificações finais globais ao longo das onze primeiras edições têm, sucessivamente, demonstrado que se torna necessário rever tal modelo.
E a questão é muito simples de equacionar: como pode a Região evidenciar qualidade desportiva quando tem um Desporto Escolar cada vez mais fragilizado? Como pode ter qualidade para disputar o pódio entre ilhas participantes se o investimento na Escola é completamente desproporcional às necessidades de formação? Como pode haver qualidade quando teimam em manter uma Educação Física curricular, travestida de desporto, mais próxima do entretenimento do que vocacionada para a formação desportiva com rigor e qualidade técnica? Como pode haver qualidade quando o desporto escolar envolve três a quatro mil praticantes regulares, o que significa cerca de 8% dos alunos do sistema educativo? Como pode haver qualidade quando o desporto escolar (formação) tem poucos e o sector federado (qualidade) tem quatro vezes mais o número de praticantes da Escola? E uns estão, simultaneamente, num e noutro sectores?
Ora bem, tudo isto tem de ser reflectivo sob pena dos Jogos não constituirem um investimento mas sim um gasto supérfluo. Sendo este o meu posicionamento, logo, o paradigma estratégico terá de ser modificado no sentido de que os Jogos reflictam um momento de aproximação de culturas mas também de resultados proporcionais ao investimento no desporto.
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