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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O POVO, UM DIA, CONHECERÁ A HISTÓRIA!

Ontem, o Secretário do Equipamento Social, Engº Santos Costa, esteve em Machico no Dia do Concelho. Obviamente, botou discurso. E mostrou-se orgulhoso pelo "plano ambicioso" que "rompeu com o apagamento histórico e geográfico de 12 anos" e porque "num espaço de tempo tão curto elevou Machico a um admirável patamar de desenvolvimento, tornando-o rapidamente numa referência desta Região". Por isso, sublinhou que "as assimetrias são cada vez mais um resquício do passado que nunca mais voltaremos a ter". E foi mais longe ao dizer que "só o PSD foi capaz "de transformar o sonho de ontem na realidade do presente".
Ora bem, quem, mesmo à distância como eu, acompanha há muitos anos, a política em Machico, sabe que o PSD foi paciente e matreiro. Cortou verbas, bloqueou a execução de obras, encostou os autarcas do PS à parede até ao ponto de reconquistar a Câmara. Depois, tal como fez no Porto Santo, abriu os cordões à bolsa e encheu Machico (e o Porto Santo) de obras públicas. Não foi a Câmara que as fez, pois não tem orçamento para isso, mas o governo e as Sociedades de Desenvolvimento. O Povo, um dia, conhecerá a história!
É por isso que o exercício da política regional desenvolve-se cada vez mais sem ética, sem respeito pelos princípios e valores da Democracia, desenvolve-se na esfera da mentira, do oportunismo, do poder que não olha a meios para atingir os fins. Não é esta a configuração da Democracia que gostaria de viver. Repugna-me os comportamentos políticos doentios e a luta pelo lugarzinho. Vasculhando memórias, talvez seja o momento, uma vez mais, de trazer aqui um artigo escrito, em 1995, por um ex-socialista, hoje presidente da Câmara de Machico em representação do PSD:
"(...) Eis o insustentável mas previsível desfecho de uma política ardilosamente montada, por quem, no velho estilo do tudo sabe, tudo pode, tudo manda, não quer nem sombra de outras intervenções autónomas e personalizadas na vida da Região (...) Assim fizeram ao longo dos tempos todos os que teimaram em perpetuar o seu poder (...) Ele chama a si todas as campanhas eleitorais, define todas as estratégias administrativas, faz todas as promessas. A sua orientação política é piamente cultivada pelos seus pares (...) O Povo deixou-se levar nestas cantigas mas agora não vai perdoar aos verdadeiros responsáveis pela actual situação (...) No meio de tudo isto, uma terra, um povo, uma autarquia, é humilhada, maltratada e votada ao ostracismo, por uma classe política de baixo nível. Machico sempre disse não a esta política (...) Por isso tem pago a factura do seu atrevimento, do seu inalienável direito à diferença".
O que este político dizia e como hoje se comporta!
É esta figura, repito, ex-presidente dos socialistas de Machico e vice-presidente da Câmara socialista que ontem veio dizer que "(...) faltava credibilidade à política local" e daí a necessidade de "depositar confiança e estreitar os elos com o governo regional" e, consequência dessa opção, a "enorme transformação" verificada nos últimos sete anos que fizeram de Machico "quase um concelho novo".
Está tudo dito. Apenas, uma nota final: o que mais aprecio num político é a coerência. Repudio o oportunismo.

1 comentário:

Unknown disse...

Diz-se que "recordar é viver" e não há dúvidas de que, de vez em quando, é bom ir ao "baú" e depois de vasculhar,trazer "à tona de água" algumas incugruências.Este seu artigo devería ser tornado público, para que as pessoas reflectissem um pouco sobre a politica e os politicos que pairam nesta terra,para que pudessem ver até onde vais o opurtunismo,o querer safar-se,o arranjinho,a falta de ética e de moral,que reina nesta sociedade. Está de parabéns por este magnífico artigo.Cumprimentos.