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domingo, 12 de outubro de 2008

PRAIAS AMARELAS... UM PROBLEMA CULTURAL

João Welsh assina, hoje, no DN, um extraordinário artigo de opinião, pela sua oportunidade, bom senso e alto sentido de responsabilidade no quadro de uma Região que deve ganhar pela defesa da sua própria identidade. Não sei definir a melhor parte do texto. Deixo aqui este excerto que não dispensa a leitura integral:
"O que ganhamos com a construção de praias artificiais de areia amarela em substituição dos magníficos calhaus rolados de basalto que a natureza nos brindou? Ganhamos artificialismos em detrimento do natural e autêntico que desde sempre constituiu o nosso principal atractivo (...) Ganhamos a vaidade de passar a afirmar a Madeira como um destino de falsas praias amarelas, pretendendo com isso competir com outros destinos de praias naturais. Ganhamos a arte de copiar e deixamos de valorizar o que nos caracteriza, o que marca a personalidade da nossa ilha, a identidade do nosso destino turístico. Ganhamos investimentos significativos, limitando assim, a nossa capacidade para investir na defesa do nosso património, do nosso ambiente, das nossas belezas naturais. Ganhamos "sofisticação" e perdemos exotismo, factor capital na atractividade turística de um destino de lazer, em particular de uma ilha".
Pergunta João Welsh, no final do seu artigo de opinião, o que ganha ao posicionar-se desta forma. Responde: "Nada! Pura ingenuidade aos 47 anos! Pura ingenuidade que tudo farei para manter!".
Digo eu, ganha o respeito daqueles que amam esta terra e que não trocam os lucros fáceis e imediatos (políticos e não só) por uma Região de bem estar, de progresso e que vale a pena viver, visitar e revisitar. Sabe, meu caro (ora se sabe!) este é um problema de cultura mínima. É a consequência de oitenta e dois anos de falta de investimento a esse nível (1926/2008), particularmente, de 32 anos de Autonomia (1976/2008) durante os quais criaram-se túneis (também) na cabeça das pessoas que não lhes permite se aperceber que o igual não vende e que as memórias têm de ser preservadas. Ninguém se revolta contra este estado de coisas porque falta um background mínimo de conhecimento, de informação e de vivência de outros espaços, o que deixa caminho aberto para que os oportunistas, de acordo com os seus interesses, avancem como querem e entendam. Parabéns pelo seu texto.

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