Uma confortável maioria absoluta não precisa de dar este triste espectáculo público. A mudança sistemática das regras regimentais da Assembleia Legislativa da Madeira, apenas denuncia aos olhos de qualquer cidadão, minimamente atento, o desconforto dessa mesma maioria aquando do debate de qualquer projecto político. Aliás, já aqui o referi, nesta legislatura, tem sido evidente a ausência de argumentos por parte da maioria em qualquer debate no Parlamento. Entre a oposição, com um certo humor, há já quem dia... hoje foi 6-0. Tem sido assim, todas as semanas. Uma vez por outra, aparece um ou outro Deputado que com bom senso, contextualiza e discute os assuntos, embora com espaços de manobra limitados e balizas impenetráveis. Muitas vezes assisto (é tão bom estar na terceira fila!) perante as entusiasmadas intervenções da oposição, alguns Deputados da maioria, a gestos de aprovação com a cabeça. O que significa que ali existem políticos com bom senso, embora subordinados a um directório político inflexível. É minha convicção que, na votação de muitos diplomas, alguns se sentem violados na sua consciência. Mas isso é outra história...
As alterações regimentais que vão a debate na próxima Quarta-feira permitem dizer que a maioria, apesar de esmagadora, reconhece que não consegue, pela via do debate parlamentar, neutralizar a oposição. As fragilidades do poder em matéria económica, educação e de assuntos sociais, sectores de maior evidência e propiciadores de debate, são tantas que, à maioria que suporta o governo, só lhes resta condicionar, abafar e impedir que a discussão se faça. Porque uma coisa é ter a força da maioria, outra é ter a força da razão. Em suma, esta revisão do Regimento prova a fragilidade da própria maioria. Não levará muito tempo e o Regimento sofrerá novo golpe.
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