Há um frenesim político que o Presidente do Governo Regional da Madeira não sabe como disfarçar. Ouvi-o ontem, julgo que à chegada de Bruxelas, falar de "canalhices" que, na sua opinião, estão a fazer à Madeira. O tom da comunicação e o fácies muito carregado dão a entender, por mais rondas que faça pelas câmaras municipais, reprogramando ou adiando obras, que a coisa está preta. Muitos sempre disseram que isto acabaria mal e o que me parece, infelizmente o digo, é que os sinais da verdadeira crise regional ainda não passaram a Travessa. O tsunami económico vai chegar e a culpa não é dos ditos "canalhas". Se alguém terá de assumir as responsabilidades não são os de lá, mas fundamentalmente todos aqueles que não souberam ou não quiseram fazer crescer e desenvolver a Madeira de uma forma sustentável. A Autonomia significa também responsabilidade e não basta dizer que uma obra feita na Madeira é uma obra feita em Portugal.
António Guterres, numa altura crucial e de confessado aperto das finanças públicas regionais, depois de ter sido chamado de tonto, abriu os cordões à bolsa e mandou pagar 110 milhões de contos. Foi o regresso à estabilidade. Mas essa amarga experiência de nada serviu e, ao contrário de uma revisão nas estratégias de governação, a loucura continuou com a multiplicação das sociedades de desenvolvimento, com avales, subsídios a torto e a direito ao associativismo desportivo, à Igreja, obras sem o sentido do retorno sócio-económico e, hoje, a situação é muito pior do que no tempo do Primeiro-Ministro Guterres. O Presidente não quis ouvir a voz da oposição, particularmente do PS, continuou a fabricar sonhos em cima da carroça dos discursos eleitorais, esquecendo-se que a vida e a História da Madeira não se esgota em trinta anos de governo. Que haverá mais Madeira depois deste ciclo e que, por isso mesmo, sensato seria não pensar na eleição seguinte mas na geração seguinte. E agora, como é?
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