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sábado, 22 de maio de 2010

COFRE VAZIO... QUEM DISSE ISSO?


O governo vai gastar em cinco dias uma verba que muito ajudaria um ano de trabalho no âmbito do desporto educativo.


Posso compreender os acordos assumidos, algum interesse na participação desportiva externa, sobretudo se o desporto escolar regional fosse numericamente expressivo e estivesse assente em bases sólidas. Isto é, seria, politicamente desconfortável mas aceitável, a presença de 119 participantes nos Jogos das Ilhas se, a montante, sentíssemos que esta presença constituía o corolário de um trabalho articulado e muito sério e não cheio de dificuldades por ausência de recursos financeiros e se, para tal, fossem reunidos contributos externos que cobrissem uma significativa parte dos encargos.
O que já não aceito é que, em um momento de grave crise, em que os estabelecimentos de educação e ensino não dispõem de meios financeiros para pagar dívidas acumuladas, que as facturas têm atrasos de longos meses, que os projectos educativos sofrem com isso, quando o próprio sistema desportivo não consegue pagar, a tempo e horas, os contratos-programa assumidos com o associativismo desportivo, quando os bancos estão a dificultar o acesso ao crédito por parte do governo, quando a dívida da Região ascende a valores na ordem dos seis mil milhões, quando o desemprego e a pobreza crescem e os empresários andam aflitos, é evidente que não faz qualquer sentido assumir encargos em um período da vida colectiva de grandes dificuldades.
Neste momento, com o País e a Região a pedirem sacrifícios em função do cofre vazio, seria de bom senso o governo dar um sinal à sociedade de rigor e de limitação nos consumos não prioritários, mesmo quando os valores em causa não sejam extremamente significativos. As prioridades devem ser respeitadas e o desporto, sobretudo a representatividade externa, não é prioritário. Até porque, mesmo no sector desportivo, de base educativa, a prioridade deveria apontar para o reforço da organização desportiva escolar. O governo vai gastar em cinco dias uma verba que muito ajudaria um ano de trabalho no âmbito do desporto educativo.
Por razões de constrangimento orçamental graves, teria sido correcto, explicar e prescindir desta participação, mesmo quando estes Jogos tenham lugar na Região Autónoma dos Açores.
Ilustração: Google Imagens.

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