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segunda-feira, 17 de maio de 2010

EMPURRAR COM A BARRIGA

Duas perguntas: mas qual realidade, a das dívidas ou a dos resultados efémeros à custa de um desporto ao serviço da política e não do desenvolvimento?

Finalmente, um membro do PSD, ex-Deputado, toca na ferida. O Dr. Luís Drumond, da Ribeira Brava, líder de uma associação desportiva, destacou, numa das últimas edições do DN: "o sector federado não é aliciante para nós" (...) "Reconhecemos que outros parceiros têm essa missão e fazem-na na melhor das suas possibilidades e das condições que lhes são proporcionadas", razão pela qual mantém a aposta em ocupar parte "do muito espaço que existe no chamado desporto para todos, que é essa sim, a nossa missão", sublinhou.
Deduzo, do essencial das suas palavras, que não embarca nas loucuras que outros, infelizmente, embarcaram, claramente puxados pelo desnorte e falta de visão estratégica de quem governa. Daí, pressuponho, o trabalho da sua associação ser meritório, porque a prática desportiva constitui, para ele, um meio e não um fim.
Estava eu a ler as suas declarações e, rapidamente, me acompanharam as imagens de uma reportagem da RTP sobre o ténis-de-mesa na Ponta do Pargo, onde abundam chineses e outros. Dir-se-á que se trata de opções. Só que essas opções custam milhões que têm vindo a colocar todo o associativismo com a corda no pescoço.
Tanto assim é que se chegou a falar na necessidade de oito milhões de Euros para pagar encargos assumidos e não pagos às agências de viagens. Pressupõe-se, portanto, que muitos clubes e associações estão tecnicamente falidas ou para lá caminham.
A tempo, outros percebem o monumental erro de política desportiva que está na base da situação criada. O Dr. Luís Drumond percebeu que esse não seria o caminho correcto e, de uma forma subtil, naturalmente, para não comprometer ninguém, disse que "outros parceiros têm essa missão". O importante é saber que parceiros, em que modalidades, níveis de participação e quais as razões que devem sustentar uma participação nacional. A questão é saber se se justifica ou justificaram as 1612 participações individuais e colectivas, em 36 modalidades distintas, na época de 2008/2009. Quanto é que isto custou de ligações aéreas, outros transportes, alojamento e alimentação? Será que esta Região é rica, dispõe de um pujante comércio e indústria capazes de sustentarem esta política? Ou, vivemos numa região pobre, assimétrica, com carências sociais gritantes e, ainda por cima, endividada?
Este assunto que é recorrente não consegue ser assumido por quem tem responsabilidades governativas e, por isso, pasmo na insistência do Dr. Jaime Lucas, ex-presidente do IDRAM, quando, ainda hoje, escreve: "A política desportiva do Governo Regional ao longo do período autonómico foi sempre bem recebida pelo movimento associativo, elemento essencial do nosso desenvolvimento desportivo, com prós e contras, é certo, mas numa dinâmica de crescimento e desenvolvimento conforme demonstra a realidade". Duas perguntas, apenas: mas qual realidade, a das dívidas ou a dos resultados efémeros à custa de um desporto ao serviço da política e não do desenvolvimento humano? E fala aquele dirigente desportivo, no título do seu artigo de opinião que "bom senso, precisa-se". Nem mais, deveria aconselhar-se com o bom senso do Dr. Luís Drumond. Seria meio caminho andado para uma mudança substancial neste desporto falido e sem futuro.

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