Quero vários jornais com as suas linhas editoriais e não o pensamento único. A abertura de um inquérito parlamentar na Assembleia da República está, obviamente, em cima da mesa. Isto não fica por aqui.
O tema "Comunicação Social na Região Autónoma da Madeira" está ao rubro. Esta tarde participei numa reunião com o Conselho de Gerência da Empresa Diário de Notícias. Interessou-me conhecer melhor a realidade. Entretanto, em Lisboa, através do CDS/PP, foi aprovada a audição das administrações dos jornais regionais da Madeira, no sentido de serem ouvidas na comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República. Curiosamente, ou talvez não, o PSD votou contra esta proposta. Lá, esgravatam tudo no sentido de comprometer o Primeiro-Ministro no caso TVI/PT, mas aqui, onde existem factos absolutamente inacreditáveis, mantêm um vergonhoso silêncio. Lá, para o PSD, existe interferência, aqui, como ainda ontem assumiu o Dr. Savino Correia, Deputado do PSD, "se há Região no Mundo onde há mais pluralismo é a Madeira". Eu diria mais, embora ironicamente, Senhor Deputado: equidade e distanciamento total no relacionamento com os órgãos de comunicação social. Basta este exemplo: entre 2007 e Março de 2010, contas feitas, o Jornal da Madeira levou de publicidade institucional (paga pelo governo) 600,85 páginas, enquanto o seu concorrente de mercado, o DN, publicou 42,38 páginas. Aqui está a demostração da equidade. E no plano da informação/comunicação, no Jornal da Madeira, sabe o Senhor Deputado Dr. Savino Correia, que só escrevem articulistas militantes ou apaniguados do PSD, numa demonstração, uma vez mais com ironia, de inequívoco pluralismo ideológico! Isto, para além, segundo o Tribunal de Contas, a Empresa Jornal da Madeira, controlada pelo governo regional, apresentar um prejuízo anual entre 3,3 e 4,1 milhões de euros, apesar de receber cerca de quatro milhões por ano de financiamento. E o que dizer das empresas de comunicação social com produtos não diários, como é o caso do Tribuna da Madeira?
O objectivo parece-me claro: criar um garrote financeiro até o ponto de desaparecerem do mercado. Neste quadro de impossibilidade de uma gestão equilibrada, o DN está à beira de novos despedimentos nos seus quadros, enquanto o vizinho do outro lado da rua, segue imune às críticas, sem qualquer problema, porque alguém pagará as facturas.
Não vou deixar que o assunto fique por aí. Colaborarei em todas as acções que conduzam ao respeito pelas leis do mercado, na defesa dos postos de trabalho e, por extensão, na defesa da liberdade de expressão. Defendo uma comunicação social livre, responsável, construída por livres-pensadores. Quero vários jornais com as suas linhas editoriais e não o pensamento único. A abertura de um inquérito parlamentar na Assembleia da República está, obviamente, em cima da mesa. Isto não fica por aqui.
Nota:
Acabo de ouvir o Presidente do Governo sobre esta matéria. Sinceramente, uma tristeza. Falou de favores do DN (Grupo Blandy) ao líder do CDS/PP, promocionais da sua figura (falava de José Manuel Rodrigues) no sentido da sua eleição para a Assembleia da República. E que hoje, está a pagar esse favor, tentando acabar com o Jornal da Madeira. Logo, digo eu, o CDS, próximo da Igreja Católica, a quem o Jornal também interessa. Onde chega o poder inventivo do Senhor Presidente!
Mas ouvi, também, o Dr. Guilherme Silva, Deputado na República, pelo PSD-M, dizer que aquelas audições que decorrerão na AR, não têm sentido, que o assunto pertence à Assembleia Legislativa da Madeira. Mais, ainda, que estão a ultrapassar a Autonomia e que esta situação pertence àqueles que são perdedores nos actos eleitorais. A pergunta que se coloca é esta: votará, o PSD-M, favoravelmente, na Assembleia Legislativa da Madeira, uma Comissão de Inquérito solicitada pelo PS-M para "análise, avaliação e responsabilização do actual quadro caracterizador da comunicação social na Região Autónoma da Madeira", requerimento que subirá a plenário já na próxima Terça-feira? Obviamente que não votará.
Ilustração: Google Imagens.
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