Adsense

segunda-feira, 3 de maio de 2010

DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

"A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos e ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". - Eduardo Galeano.


Vem isto a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Poucos, certamente, poderão vangloriar-se dessa liberdade, simplesmente porque, no contexto dos múltiplos interesses da agenda política mundial, nacional e regional, os gestores dos media impõem a gestão das mentes. Aqui bem próximo de nós temos exemplos flagrantes que me escuso de enumerar. Fico, apenas, com um excerto de um texto de António Inácio Andreoli, Doutorado em Ciências Sociais, com uma saudação a todos aqueles que escolheram a difícil e complexa tarefa de jornalista e que apesar das pressões conseguem resistir à fome de poder que por aí anda.

"(...) É comum o entendimento de que a realidade corresponde àquilo que “realmente existe”. É precisamente neste aspecto que a toda problemática inicia: se houvesse uma “real” correspondência entre aquilo que compreendemos com o que “realmente existe”, certamente estaríamos em posse da “verdade”. Como, entretanto, existem diferentes interpretações acerca do que “realmente existe”, poderíamos concluir que bastaria somar todas elas para atingir a “verdade absoluta”. O problema é que entre as diferentes interpretações da realidade há contradições que não permitem uma mera “junção eclética”. Uma outra alternativa possível é encarar todas as diferentes interpretações da realidade como “verdades relativas”, de forma que a “verdade absoluta” não exista. Uma terceira opção seria a aposta no confronto entre as “verdades relativas” para atingir a “verdade absoluta”, partindo daquilo que sobra após o confronto entre “verdades”. Essa versão mais elaborada do debate actual, entretanto, choca-se com a dura realidade de que numa sociedade de classes as ideias dominantes tendem a ter mais “voz e vez”. Além disso, “verdades relativas” de outros tempos, são minimizadas sob a taxação de que não são “actuais” para o debate contemporâneo. Por outro lado, o reconhecimento de que o conhecimento actualmente disponível é um processo histórico (portanto, a sua existência temporal não é determinante para sua validade) pressupõe uma publicidade crítica universal que possibilite a apropriação de saber por parte de todos, de forma que o conhecimento não seja meramente transmitido e se converta em instrumento de dominação de uns sobre outros, legitimado pela própria compreensão da realidade criada pelos dominadores. Nesse aspecto, já estamos a nos referir a uma utopia, a utopia de uma sociedade sem dominação, sem exploração e sem preconceito, que permita o diálogo entre sujeitos humanos livres e autónomos acerca do que é real". Para reflectir...

Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: