Só resta que os especialistas continuem, de unhas afiadas, a arranhar, no sentido de despertarem estas consciências políticas que estão a dar cabo da nossa terra.
Acabo de escutar uma declaração do Presidente do Governo Regional: "A QUERCUS sabe tanto de engenharia como o meu gato". Pois é... o gato arranhou e o dono reagiu. Nem mais. Palavras aquelas de reacção do presidente a uma série de considerações feitas pelo Doutor Hélder Spínola, relativamente às toneladas de cimento a metro, que estão a ser lançadas em canalizações de cursos de água, sem o necessário planeamento. Eu, que andei, recentemente, um pouco por todo o lado, sobretudo nas zonas mais afectadas pelo temporal de 20 de Fevereiro, apesar de não ser engenheiro, curiosamente, tenho a mesma opinião do representante da QUERCUS.
Mas a verdade é que o presidente tem toda a razão, pois não se trata de um problema de engenharia de ou para gatos, mas de conhecimento e competência ao nível do ordenamento do território e do ambiente. Daí constituir, naturalmente, uma questão multidisciplinar que envolve especialistas de várias áreas de intervenção científica. Entregar a presente situação a um engenheiro, penso que se referia ao Secretário Regional do Equipamento Social, é óbvio que só pode dar naquilo que a própria tragédia colocou a nu. O problema é, precisamente, esse, a histórica tendência para a autosuficiência, para o silêncio, exactamente como convém aos lóbis da construção, que sabem, como ninguém, gerir o negócio. É contra isso que há pessoas, pela paixão que têm a esta terra, levantam a sua voz, chamando à atenção para os erros, muitos irreversíveis, que o governo comete. A QUERCUS e outras associações ambientalistas, durante anos, chamaram à atenção, criticaram, escreveram, suscitaram debates, levaram os assuntos junto de outros areópagos, enfim, falaram dos erros que estavam a ser cometidos. E veio o 20 de Fevereiro, tragicamente, dizer que eles tinham razão. Só que este governo não aprende, continua, teimosamente, no seu desgraçado e ultrapassado rumo, pelo que só resta que os especialistas continuem, de unhas afiadas, a arranhar no sentido de despertarem estas consciências políticas que estão a dar cabo da nossa terra!
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