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quinta-feira, 7 de maio de 2009

O COPO QUE ENCHE!

Há duas palavras, no conceito pejorativo, que me repugnam: cinismo e hipocrisia. "Cínico é aquele que, quando cheira uma flor, olha ao redor procurando o caixão do defunto" (H. L. Mencken); "O hipócrita é como uma tâmara: o doce está fora, o mel nas palavras e o duro lá dentro, na alma" (Mateo Alemán). Ora, o exercício da política muitas vezes confunde-se com o significado daquelas duas palavras. Evidentemente que a generalização é sempre abusiva, porque há excelentes exemplos de políticos com total doação à causa pública. Não precisam de sair pela "porta grande" porque sempre estiveram nessa porta. Mas esses, intencionalmente, pelos valores que alimentaram ao longo de muitos anos, pelo trabalho desempenhado e reconhecimento público, dispensam os cargos, não lutam por lugares e tentam passar despercebidos. Interessa-lhes o que conseguem fazer, no terreno, repito, no terreno, junto dos que não têm voz. Distinguem-se de outros historicamente guiados por uma mão protectora e, talvez por isso, falam do alto e muitas vezes por encomenda, gente que não se mistura mas que está sempre tão perto quanto distante, cuidam da auréola, movimentam-se nos bastidores, definem o seu próprio caminho e a sua própria agenda, deitam-se, finalmente, sem um pingo de solidariedade pelos outros e pela organização a que pertencem. Como se os outros não fossem observadores da trágico-comédia.
É este o décord do exercício da política face ao qual todos os dias nos confrontamos, que desmotiva e se torna desconfortável. É por isso que, tudo quando paira nos bastidores da política partidária: a intriga, a má fé, a falta de carácter, a proposta envenenada, o telefonema manhoso, as colagens, os oportunismos e oportunistas, a rasteira no momento certo, a ausência de frontalidade e a falta de sinceridade, a utilização das pessoas como peças descartáveis, enfim, o jogo sujo a que muitos se vergam e amén dizem pela conquista de um espaço ou lugar de relativo prestígio, repugna-me.
Não sei se haverá regresso aos valores mais puros da política. Tento acreditar que sim, porque está em causa a Madeira e o seu Povo.

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