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sexta-feira, 29 de maio de 2009

UM PRESENTE ENVENENADO? É UMA HIPÓTESE...

Esta do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Dr. Miguel Mendonça, querer o Dr. Jardim por mais um mandato na Presidência do Governo Regional, pode ser considerada uma declaração com, pelo menos, duas interpretações possíveis: ou é por pura convicção, "responsabilidade" e amizade pessoal, no pressuposto que o PSD tornar-se-á um saco de gatos logo que Jardim deixe a chefia do partido e do governo; ou, é do tipo que quem comeu a carne que venha agora e roa os ossinhos que por aí andam. Esta também pode ser uma interpretação, desagradável, mas possível. Não sei, mas, no mínimo, constitui uma posição intrigante, pelo menos para mim que não conheço a verdadeira correlação de forças no interior do PSD e as lutas intestinas que por lá acontecem. Que há interessantes focos de instabilidade, isso não deixa de ser um facto: veja-se a luta do designado "delfinário" até às desinteligências no seio da JSD.
Entendo, por isso, que fazê-lo sair em 2015, em função da conjuntura económica, social e cultural, significará abandonar o poder por uma porta muito estreita e pequena e isso o Dr. Jardim (há ciências que explicam) já deu seguras indicações que repudia andar na mó de baixo. Portanto, estou mais inclinado em acreditar que uma candidatura em 2011 corresponderá a um presente envenenado. Se, alguns, já em cima dos 50 anos de idade, não vêem o momento de mandar coisita alguma, imagino com mais seis anos em cima do lombinho!
Bom, mas, para já, será muito complicado o PSD vencer as eleições de 2011 seja qual for o candidato que por aí apareça. Chame-se Jardim ou qualquer outro. O sentimento que tenho é que o PS reorganizar-se-á em torno de uma candidatura de esperança aos olhos dos madeirenses e porto-santenses. Tem dois anos para o fazer e conseguir. Não se torna necessário ser adivinho para perceber, ao contrário do movimento de entropia do PSD, que a tendência será para o principal partido da oposição sair de uma certa conflitualidade e fragilidade interna que o tem fragilizado aos olhos do eleitorado e, com o apoio de muitos quadros e anónimos, crescer como poder salvador da Região. Essa movimentação, mais cedo que tarde, acontecerá, porque ninguém aguenta esta continuada mentira, este desastre governativo que está a deixar a Região à beira do insolúvel. Serão os empresários, as várias instituições, os próprios partidos da oposição, a comunicação social a convergirem nesse sentido. Penso que esta será a ordem natural dos acontecimentos. Degradação por um lado e crescimento por outro. Há uma geração de 30/40 anos que anda farta e que quer ser obreira do seu próprio futuro.
É evidente que nada disto será fácil porque os pequenos poderes, o caciquismo local agarrado a certas benesses, saltará para o terreno na ânsia de conservar pequenos espaços de intervenção. É óbvio que sim. Mas serão derrotados. O desemprego, a pobreza, a fome que alastra, o descontentamento de uma sacrificada classe média, serão suficientes, penso eu, para neutralizar as vozes do conservadorismo.
Trata-se, aliás, de uma imperiosa necessidade porque só por aí será possível romper este ciclo e gerar inovação e criatividade a caminho das mudanças paradigmáticas que se impõem. É a minha convicção, até porque os que se diziam "insubstituíveis" descansam já em paz e a Madeira continua. Nesta terra de 500 anos tantos passaram e ela sempre ficou. Não será um que a fará parar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Lá caminhará o Bernardinho Trindade para a sina do Principe Carlos...
A Rainha eterniza-se o o Carlos vai para velhino...

Unknown disse...

Srº Professor.
Que o seu "presságio" venha o mais rápido possível.Já se vai notando em vários sectores da sociedade uns "sinais" de descontentamento e no "bunker" do PPD já se vão "contorcendo" mais amiúde.Desde a vinda do Sócrates à Madeira que,ao invés dos apupos e insultos que(eu próprio)estávamos à espera,deparamo-nos com "beijos e abraços",alguma coisa começa a mudar e aos poucos oa madeirenses começam "a dar ar da sua graça" e a dizer ao srº Alberto João e seus correligionários de que "o rei começa a ficar despido".Cumprimentos.

Fernando Letra disse...

Não sei não, caro André.
Se a 'ditadura socrática' se mantiver, será muito difícil para vocês conseguirem desfazer o círculo de união à volta do auto-intitulado salvador da Madeira.
Mais depressa outro partido da oposição terá capacidade para congregar descontentes com os governos de cá e de lá...
A ver vamos...

André Escórcio disse...

Caríssimo.
Sabe, eu sempre fui adepto de uma convergência democrática à esquerda. Desde 1996 que ando, sucessivamente, a tentar isso no âmbito no PS. Tal não tem sido possível. No entanto, convenhamos que é o PS que, no actual contexto, poderá assegurar a transição. E pouco ralado estou com os governos do Continente. O nosso espaço de jogo político é aqui e tem sido um erro, defendo eu, chutarmos para lá os erros de cá. Veja, por exemplo, a Lei das Finanças Regionais. Se toda a oposição não tivesse embarcado na história mal contada do Dr. Jardim, certamente que não teria sido o descalabro que foi para toda a oposição. Em 2007 o governo até recebeu mais do que em 2006. E em 2008 veremos.
Penso que temos de convergir aqui e combater o PSD aqui.
Um abraço.

Fernando Vouga disse...

Há ainda outra hipótese: o Dr. Miguel Mendonça, ao propor o "improposível", pode estar à espera de que, na impossibilidade de recondução do grande timoneiro, alguém se lembre do seu nome para a liderança. Com esta aparição no DN, poderá estar a deitar o barro na parede a ver se pega...