Tem toda a razão o Senhor Nélio Freitas que, ontem, defendeu a integração do desporto especial na semana do desporto escolar.Sobre esta matéria participei numa audição promovida pela Comissão Especializada de Educação da Assembleia Legislativa da Madeira, há mais de um ano, onde estiveram presentes os Directores Regionais de Educação, da Educação Especial e do IDRAM. Defendi, com argumentos científico-pedagógicos, a necessidade de conjugação de esforços nesse sentido. O que então disse não teve aceitação por parte daqueles responsáveis políticos e, assim, a minha posição foi chumbada pela maioria PSD.
Quando nunca, como hoje acontece, se defende a inclusão, confesso que também nunca entendi o facto de separar os ditos normais daqueles que, por uma razão ou outra, são diferentes. Aliás, os resultados desportivos, no quadro do desporto educativo escolar, na sequência da competição, são a parte menos importante do processo. Os Jogos devem ser, por isso, assumidos, prioritariamente, como mais um momento educativo. E se é a Educação que, em primeiro lugar, deve estar em causa, como é evidente todos os momentos e situações devem ser aproveitados nesse sentido.
E não é por uma questão de indisponibilidade de infra-estruturas ou de meios técnicos que tal não tem vindo a acontecer, mas sim por ausência de sensibilidade e de organização e gestão dos recursos humanos e materiais existentes. Melhor dizendo: facultam-lhes a dignidade de uns jogos mas em separado, o que não só contraria os pressupostos de uma boa inclusão como acaba por não ser educativo para os demais participantes. Finalmente, deixo aqui um excerto de um texto de Umberto Eco: "Deve-se ensinar às crianças que os seres humanos são muito diferentes entre si e explicar-lhes em que se diferenciam, para então mostrar que essas diferenças referem-se a uma fonte de enriquecimento para todos.".
Nota:
Carta do Leitor, da minha autoria, publicada hoje no DN-M a propósito de um outra carta publicada por um leitor do respectivo matutino.
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