TEMPOS DE EXCLUSÃO, ELIMINAÇÃO E DESTRUIÇÃO (I)

Ontem, inevitavelmente, sucederam-se, um pouco por todo o lado, a manifestações que reflectiram as angústias que pairam em todos os países. Assistimos a cenas de violência, a declarações desesperadas, a reportagens que mostram que este não é o caminho da estabilidade e da prosperidade. Lembrei-me de regressar a um notável e extenso trabalho do meu Amigo Professor Doutor Olímpio Bento, Catedrático da Universidade do Porto. Reli-o. Está ali tudo o que, felizmente, penso.

"O mundo está sendo estruturado por uma minoria, sem quaisquer escrúpulos no tocante ao destino que reserva para as outras pessoas: a inevitabilidade da exclusão. ao destino que reserva para as outras pessoas: a inevitabilidade da exclusão. É isto que é encenado, de modo exemplar, pelos diversos tipos de reality shows que as cadeias de televisão divulgaram em toda a parte. Não espanta que a maioria dos indivíduos se sinta ameaçada por medos que tornam a vida uma dura e amarga luta para não ser descartado para o caixote do lixo.
Este ambiente é alimentado pela modelação da sociedade segundo os ditames do consumo. Ademais tem reflexos no vocabulário ‘reformista’, que entrou na Universidade pela mão do ‘Processo de Bolonha’; e está associado à transformação da educação superior numa área de negócio, muitas vezes desonesto.
Tudo junto contribui para a degradação da democracia e da liberdade e mostra a banalidade e racionalidade do mal contemporâneo e dos seus agentes. O regresso ao obscurantismo é evidente.
É contra isto que a educação e a formação, os professores e intelectuais humanistas se devem levantar, sabendo que a tarefa é ingente, todavia sem alternativa".