Basta que tenhamos presente que o espaço geográfico da Madeira é limitadíssimo. Não permite, pois, numa lógica de novas grandes obras, continuados investimentos que absorvam a mão-de-obra que está desempregada. Falar-se em 2000 empregos será, no actual contexto, uma absorção pontual de trabalhadores em função do número cada vez mais limitado de investimentos. Terminadas as obras e tudo regressará à triste realidade.
O problema, portanto, não está, do meu ponto de vista, na insistência na obra de natureza pública, porque essa é tendencialmente finita face às limitações espaciais da Região. O que se torna necessário é alterar o paradigma em que assenta a nossa economia. E nesse quadro levamos um atraso de muitos anos, simplesmente porque o sistema educativo regional falhou totalmente, não inovou, não gerou mentalidades e competências para um mundo que não se confina à lógica da argamassa e do funcionário público (esse tempo há muito que acabou), porque esbanjaram muitos milhões em obras e em injustificáveis apoios sem retorno nem económico, nem social nem cultural, porque falharam na cultura de exigência e de qualidade, porque viveram para dentro e não olharam para além do horizonte visual, porque não criaram equilíbrios entre a oferta e a procura, porque destruíram os sectores produtivos e apostaram, apenas na monocultura do turismo e porque deixaram milhares entrarem no ciclo vicioso da pobreza e da exclusão social. Quando aqui se chega e quando o objectivo continua a ser o de ganhar eleições e não o de desenvolver um povo inteiro, sinceramente, começo a recear pelos próximos anos ou décadas.
Caminhamos para a necessidade de um "governo de salvação regional". Com cofres lisos, montanhas de facturas por pagar, empresários aflitos, desemprego a crescer, uma população maioritariamente sem capacidade para reagir, pergunto, como pensam resolver este quadro? Basta de blá, blá e de ofensas dirigidas aos outros... expliquem, direitinho, a toda a gente, as soluções?
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