A 26 de Junho de 2009 completarei 59 anos de sócio do C. S. Marítimo. Estou, certamente, entre os 70 sócios mais antigos do clube. Mas esse facto não me obriga que, cegamente, alinhe nos grandes disparates e oportunismos, políticos, inclusive, bem evidentes desde 1980 para cá. Os últimos anos, então, têm constituído uma pouca-vergonha de desvirtuamento da sua grande vocação e missão enquanto maior clube das ilhas. O Marítimo está claramente "vendido" aos interesses de algumas pessoas e, sobretudo, ao governo da Região. Até as cores das cadeiras do futuro estádio deverão ter as cores da Região. "Se pagarem o estádio, então os sócios fazem como quiserem", salientou a propósito, como se o dinheiro fosse do presidente do governo. Esquece-se o presidente que eu e qualquer outro madeirense, em função dos 31 milhões, contribuiremos, obrigatoriamente, através dos nossos impostos, em função da população activa, com cerca de € 250,00.
Bom, mas o encontro de ontem na Quinta Vigia foi, no meu entendimento, patético. Governo quase em peso e um treinador de bancada, o presidente do governo, a pedir uma equipa de ataque. Enterrou, qual remissão do pecado, a "ideia do clube único" e agora, de mão beijada, entrega mais 31 milhões de euros para construir uma "arena", qual "Coliseu de Roma", quando milhares de famílias ardem em lume brando com a falta de emprego, quando a pobreza torna-se aflitiva, quando a escola continua a não responder aos desígnios de uma educação de qualidade que nos arranque da menoridade cultural e quando se vive uma época de grandes incertezas. Não se trata de miserabilismo mas de atender às prioridades estruturantes de uma terra extremamente desequilibrada.
Tal como outros estádios construídos na Madeira com financiamentos públicos, desproporcionais à dimensão desta terra, a Região contará com mais um, para a catarse, para o entretenimento, em média, de 5.000 espectadores (Nacional 1.955), valores estes que podem ser consultados no sítio da internet www.lpfp.pt. Isto numa terra de dificuldades extremas, onde se critica a Lei das Finanças Regionais, onde se pede que o Primeiro-Ministro se disponibilize para um debate na Assembleia Legislativa da Madeira (que o PSD, na Assembleia da República o peça e veja aprovada tal proposta, vá que não vá), onde as dívidas ascendem a seis mil milhões, onde não há folga orçamental para atender à construção, por exemplo, de lares, deixando centenas de idosos em complexa situação, quando os empresários andam de corda ao pescoço e as empresas fecham, quando não se abre os cordões à bolsa para conceder um complemento de pensão de € 50,00, quando o quadro é muito cinzento em todos os sectores e áreas da governação, é arrepiante a insensibilidade do governo que continua no seu habitual registo de pão (quando há) e circo na mais pura distracção para os verdadeiros e complexos problemas económicos, sociais e culturais que tem para resolver. E perante isto ninguém se levanta, ninguém diz basta, ninguém afronta dizendo, em alto e bom som que este rei vai nu numa terra sem rei nem roque!
Criticaram o facto do Primeiro-Ministro ter vindo à Madeira neste período pré-eleitoral. Ouvi dizerem que se tratava de oportunismo político. Independentemente de tudo, aquele encontro de ontem foi o quê?
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