Um professor não é uma pessoa qualquer e a revista em causa também não é propriamente um manual escolar.
Uma Professora do 1º Ciclo do Ensino Básico, de Mirandela, posou nua para a Playboy. Entretanto li, na edição on-line do PÚBLICO o seguinte comentário: "(...) Já não vivemos no Salazarismo! A revista Playboy é legal em Portugal? É! Então, todas as considerações puritano-saloias do Presidente da Câmara caem automaticamente por terra"! Isto porque, o presidente da autarquia disse que iria analisar o caso da professora, prometendo tomar uma decisão no prazo "máximo" de uma semana.
Do meu ponto de vista não se trata de considerações "puritano-saloias" mas de bom senso. Há determinadas atitudes, opções ou estilos de vida, que um professor deve compaginar com o magistério que exerce. Um professor não é uma pessoa qualquer e a revista em causa também não é propriamente um manual escolar. Não se trata, portanto, de expor os dotes esculturais ou de uma simples apreciação da beleza, mas as repercussões que uma foto ou um conjunto de fotos possam ter na comunidade e até na respeitabilidade do docente. Não se trata de puritanismo saloio mas de bom senso, repito.
Pode até ser defensável o pressuposto de que não há nada a esconder naquilo que de mais belo existe. Quantos corpos foram inspiração para tantos pintores e escultores. Os museus estão cheios de soberbos trabalhos. Mas essa é outra história. Como outra história é o que se passa em um cabaré ou em um local de striptease. São espaços diferentes com públicos diferentes. Na escola conjuga-se o verbo educar e, por essa razão, o professor deve assumir os cuidados que a sua nobre função exige.
Não gosto de ver um docente mal vestido na escola (bem vestido não significa roupa de marca) como não gosto de ver docentes que se expõem aos alunos de uma forma atrevida. Há um meio termo ou um limite que o professor, em circunstância alguma, deve ultrapassar. Por uma questão de respeito por si próprio e pela missão que desenvolve. Uma questão de bom senso!
Ilustração: Foto publicada no PÚBLICO.
5 comentários:
Caro amigo
Em Portugal está-se a criar a ideia de que um indivíduo que mate um seu semelhante para o roubar, por exemplo, só é criminiso se for condenado por um tribunal. E todos sabemos da infinita panóplia de expedientes para anular provas, obstaculizar a Justiça e por aí fora.
Por tudo e por nada (mais por tudo...), figuras públicas declaram-se virgens puras só porque o tribunal não os condenou. Mesmo quando tudo aponta para o contrário.
Esta senhora não cometeu nenhum crime. Mostrou o corpo que tem para ganhar uns cobres. Que eu julgue saber, nem sequer violou qualquer regra estatutária da carreira docente.
Mas eu percebo bem a sua preocupação. E concordo totalmente consigo. Ser professor, como ser político ou afim (estou a pensar na primeira dama de França), deve ter regras. Não é um cargo qualquer. Exige autoridade e prestígio.
E é isso que falta, o reconhecimento da importância da carreira docente!
Não se pode tratar os professores abaixo de cão, como tem acontecido nos últimos anos, e depois exigir-lhes que se comportem como senhores.
No fundo, ao abrir os olhos aos portugueses (nem sempre pelas razões mais puras...), esta professora colocou o dedo na ferida.
Obrigado pelo seu oportuno comentário.
Eu compreendo o que quer dizer. Todavia, mesmo se o sentido seja o de "abrir os olhos", penso que há limites que devem ser estabelecidos. No fundo aquilo que muito bem salienta: "Mas eu percebo bem a sua preocupação. E concordo totalmente consigo. Ser professor, como ser político ou afim (estou a pensar na primeira dama de França), deve ter regras. Não é um cargo qualquer. Exige autoridade e prestígio".
Simplesmente um absurdo! Pagam mal aos professores, não respeitam professores e ainda se apropriam do corpo do professor mesmo fora do expediente. A relação de trabalho acaba quando acaba o expediente do trabalho. Daí ela é uma cidadã comum. A falta de investimento na educação prejudica mais o aluno que o simples fato de uma bela mulher, que pousou como mulher, ter pousado nua. PURA INSENTATEZ, A MAIS PROFUNDA HIPOCRISIA ALICERÇADA NUMA MORAL INÚTIL.
Obrigado pelo seu comentário, vindo do Brasil. Um abraço pela sua luta pelos professores que tenho vindo a acompanhar.
Mas, meu Caro, tal como o Valdecy, eu sei o que se passa no sistema educativo português. Eu sou capaz de perceber a "hipocrisia alicerçada numa moral inútil", mas a verdade é que temos, sem hipocrisia, de contextualizar as situações. O problema está aí.
Quanto ao financiamento, a quem o diz... nesto momento, apenas lhe digo, que nas escolas da Madeira autónoma, há facturas por pagar entre 8 a 12 meses e que estão a condicionar os projectos educativos. Mais. Que os professores estão retidos (congelados) na carreira docente há cinco anos!
Eu conheço bem o processo e sei quanto auferem os professores no início da carreira. Mas talvez esteja certo que a professora em questão não posou nua pelo dinheiro ou para colocar o dedo na ferida. É a minha convicção. Há, certamente, outras razões.
bem nem sei que diga se por um lado a vida privada de cada um é como tal :privada; o bom senso dita que um professor deve ter em considerando os seus alunos e os pais que por ventura leiam a revista. E playboy é sempre uma revista polémica. mas como diz um comentarista..a vida d professor é relaxada (termo madeirense) e por isso há que dar volta, mas desta forma não sei não. bem agora vou pregar para outra freguesia kis :)
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