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terça-feira, 7 de outubro de 2008

ENTÃO, MEUS SENHORES, QUANDO É O DEBATE? (I)

A situação é muito grave. A Região, melhor dizendo, os madeirenses, pelos indicadores disponíveis, podem estar a correr o risco de colapso. A Região, por si só, não conseguirá, doravante, suportar os encargos do extenso rol de dívidas criadas. Adivinham-se tempos muito difíceis ameaçadoras da estabilidade social. Nada que, desde há muito tempo, não tivesse sido devidamente equacionado e prognosticado. O recente relatório do Tribunal de Contas é, de facto, arrasador da orientação política do governo regional e o que lá se encontra analisado é extremamente preocupante. Não basta a crise internacional, o sufoco em que se encontra Portugal e, ainda por cima, dentro de portas, consequência de uma política megalómana, desproporcional à criação de riqueza, ao todo, até 2032 tenhamos de gastar "um orçamento regional" para pagar as dívidas de obras que, sublinha o Deputado Carlos Pereira (PS) "não têm qualquer retorno".
Numa conjuntura destas, extremamente perigosa, angustiante para as empresas que geram emprego e, por extensão, para toda a população residente, é lamentável que a RTP-Madeira fuja, como o diabo da Cruz, à promoção de um profundo e bem preparado debate sobre estas questões. Afinal, a direcção da RTP-M existe para cumprir o serviço público ou para continuar a fazer o jogo da maioria que suporta o governo? É que os madeirenses têm o direito de serem informados, não apenas através da voz oficial, mas pelo contraponto que pode e deve ser feito pela oposição. E nestas coisas não basta o teor de uma conferência de imprensa. A RTP tem a obrigação de ir muito mais longe, colocando frente a frente governo e oposição. O pouco que os madeirenses ainda vão sabendo é através do DN-Madeira. Mas isso não chega. Tem de haver debate, olhos nos olhos, cara a cara, com independência e seriedade, com todos os argumentos que elucidem os madeirenses sobre a actual e complexa situação. Simplesmente porque, o que se está a passar, não é um mero jogo político da oposição. Trata-se de uma situação que obriga a uma profunda reflexão e a retirar consequências políticas antes que se faça tarde. Por muito menos houve governos demitidos.
Que a maioria política no Parlamento não queira discutir e se refugie nas lógicas regimentais, tal situação, embora as considere impróprias de um Parlamento democrático, conhecendo eu o que a casa costuma oferecer aos madeirenses, obviamente que até dou de barato tal facto. O que não se pode admitir é que a RTP-M gaste fortunas com programas de pescadinha-de-rabo-na-boca, para entreter e estupidificar cada vez mais a população, e passe ao lado de temas que são essenciais para a vida colectiva. Confesso que estou preocupado.

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