Seja de grande, média ou pequena dimensão, o exercício da presidência de uma Câmara Municipal não pode ser concretizado a meio-tempo. Há vários dias que já sabia que, em S. Vicente, a opção do Dr. Jorge Romeira era a de dividir o seu tempo disponível pela autarquia e pelo exercício da sua profissão.
Isto significa que se trata de um presidente que, em princípio, nunca estará ou estará de forma intermitente. Meio-tempo significa, neste contexto, "part-time". Ora, uma Câmara com as responsabilidades de S. Vicente, a braços com tantos problemas por resolver, desde a sede até Boaventura, passando por Ponta Delgada, obrigaria à sua presença a tempo inteiro. Uma Câmara não é um "negócio" particular onde se pode deixar alguém de confiança pessoal. Obriga a estudos, internos e externos, contactos múltiplos, dentro da autarquia e com as várias secretarias regionais, muitas reuniões e decisões, das quais dependem a vida das pessoas, nos planos económico, social e cultural. Os assuntos de uma autarquia não podem ficar para mais logo, para depois das consultas. É tão grave marcar uma reunião com um munícipe às oito da manhã como é falta de educação marcar um encontro de trabalho às 18 horas. É previsível desde já ver um funcionário levar ao senhor presidente, a meio da manhã ou da tarde, uma pasta de documentos para assinar. Isto não faz qualquer sentido. É ridículo e constitui uma fraude eleitoral.
Quando o Povo elege alguém, neste caso um Presidente de Câmara, é porque conta com ele a todo o momento e durante quatro anos. Não é o Povo que se tem de ajustar ao horário do presidente, mas o presidente que se apresenta disponível para servir esse Povo. Ora, se não tinha condições para assumir esta responsabilidade política, agradecia e declinava o convite. O Povo, na sua sabedoria popular costuma dizer que não é possível cantar e assobiar ao mesmo tempo. E é precisamente isto que o eleito Dr. Jorge Romeira quer fazer. Mas, enfim, vivo numa terra em que nada deveria constituir motivo de estranheza mas, sinceramente, por esta não esperava. Até porque, considero absolutamente defensável que o Dr. Jorge Romeira não queira fazer uma interrupção na sua vida profissional, mas das duas uma, ou não se candidatava ou, agora, resta-lhe marcar consultas depois de encerradas as portas da autarquia. Certo?
Foto: Google Imagens.
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