A Senhora Deputada Rafaela Fernandes (PSD-M) produziu hoje uma intervenção na Assembleia Legislativa que, de ponta a ponta, foi o que se chama um malhar sobre o PS na República e, particularmente, sobre o primeiro-ministro Engº José Sócrates. Aliás, tratou-se de uma intervenção de matriz recorrente, como se a Madeira não estivesse atolada num pântano de problemas por resolver e como se a Região não tivesse órgãos de governo próprio. Em síntese, tudo, mas tudo é culpa da República. A intervenção fez-me lembrar aquelas tertúlias antes do 25 de Abril (várias que por aí existiam) que zurziam na ditadura ou, então, aquelas que, em voz baixinha, se davam na antiga Junta Geral do Distrito, apesar de pertencerem à Acção Nacional Popular.
A ideia que subsistiu naquela intervenção é que por aqui não existem problemas graves a equacionar e, portanto, o melhor é transformá-la numa dependência da Assembleia da República. Não funciona para cá, funciona para lá. É evidente que não questiono o direito da citada Deputada ou do seu grupo parlamentar, de quando em vez, intervir com declarações mais abrangentes relativamente ao País. O problema não é esse. O problema é que não há raio de intervenção que não tenha a deliberada intencão de jogar para bem longe os problemas da má governação regional.
Mas como se isto não bastasse, o Senhor Deputado Pedro Coelho (PSD), aproveitando a deixa, veio lembrar que Sócrates é o primeiro-ministro da Europa que está envolvido em mais "casos", sublinhando que não eram "amorosos", mas sim judiciais e por isso não compreende como foi possível ganhar umas eleições, ao que a Senhora Deputada Rafaela Fernandes respondeu que Sócrates não poderia ter "casos amorosos, até porque defendia os "casamentos homossexuais". Ora, este tipo de discurso nem a brincar deve ser feito quanto mais numa Assembleia. Aquele espaço é para dirimir argumentos políticos, com a força das convicções, com a alma partidária, mas nunca poderá resvalar para o campo de um falso humor, provocatório e de má qualidade.
A vida parlamentar está recheada de episódios, eu diria, picantes, mas é preciso saber ou determinar, em todas as circunstâncias, onde está a fronteira entre o admissível e a ofensa subliminar. Não gosto.
Foto da minha autoria. Tallinn/Estónia
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