Adsense

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SALVAR A ESCOLA PÚBLICA

Permita-me o autor do texto que se segue (anónimo) que o publique com o destaque que merece. Ele surge na sequência de uma proposta que apresentei na Assembleia sobre o Regime Jurídico do Sistema Educativo Regional. É assim que se faz o debate sério e democrático.
É evidente (sempre o disse) que as propostas que tenho vindo a apresentar não constituem um ponto de chegada, antes um ponto de partida. É por isso que entendo que a Educação deve ser politizada mas não partidarizada. Infelizmente, isso está a acontecer, o que lamento. É por isso que considero muito importante a sua participação. Desde já, muito obrigado pela sua intervenção. Quanto ao documento em causa tenho a informação que estará disponível no sítio da Internet do Grupo Parlamentar do PS.

"Antes de mais faço uma declaração de interesses: não li o documento integral, porque não o encontrei, apesar de o ter procurado nos sites da Assembleia Legislativa Regional, do Grupo Parlamentar e do PS/Madeira.
Começo por reconhecer pertinência ao projecto. Apesar de não estar na agenda mediática ou sequer educativa nacional, a verdade é que a crise da escola como instituição há muito que é debatida nos círculos académicos e há muito que são questionados modelos alternativos.
Ora, apesar da crise ser reconhecida por todos, o que já acontece desde os anos 70, desde que Ivan Illich publicou o seu “Educação sem Escola”, acentuada pela escola “pós-moderna” (que nasceu da queda do paradigma comunista), a verdade é que em Portugal nunca foi possível os cientistas da educação (e políticos, naturalmente!) porem-se de acordo acerca do paradigma a implementar, pelo que todas as reformas não passaram de pequenos remendos numa manta já demasiado rendilhada e remendada.
Deste modo, é oportuno a apresentação deste documento, parecendo-me mesmo que a Região poderia ser um laboratório interessante para implementar um modelo de educação alternativo, o que até seria possível, no âmbito das suas competências ao nível da educação.
Contudo, apesar de reconhecer que algumas medidas são interessantes e de concordar com elas, parece-me que a proposta não é tão ousada quanto poderia/deveria ter sido. Antes de mais porque não define claramente um modelo alternativo. É certo que aponta alguns caminhos, mas não quebra com a “tradição escolar portuguesa”, nem corta com alguns mitos enraizados. Enfim, não define com clareza o que deve ser a escola, nem como convivem as dimensões formais, informais e não formais da educação, dentro do espaço e do tempo escolares.
Porque se queremos salvar a escola pública (e este “salvar” entenda-se como o resgate da mediocridade do ensino e das aprendizagens que, infelizmente, minam as nossas escolas), é urgente determinar com clareza o que queremos para a escola: se um espaço e um tempo minimalistas, para aprendizagem dos saberes básicos (o que não me parece razoável, atendendo aos desafios e competências que foram atiradas às escolas); ou um espaço onde as crianças e jovens passam a maior parte do seu tempo, em actividades “escolarizadas” (ou curriculares); ou, em alternativa aos dois primeiros, um modelo onde a dimensão curricular conviva com as dimensões informal e não formal, com projectos educativos que respondam às necessidades individuais, sem a recorrente confusão entre o “espaço escolar” e o “espaço não escolar” que interagem fisicamente nos estabelecimentos de ensino.
Ora, na minha opinião, são estas as amarras que urge romper e, uma vez que a proposta do PS não o prevê, acaba por ser mais um remendo para a tal manta. Percebo, contudo, alguma limitação que André Escórcio possa ter sentido, atendendo ao enquadramento legislativo nacional.
Por tudo isto, acho que a proposta do PS-Madeira constitui uma boa oportunidade para a realização de uma discussão séria acerca da escola que se quer para o futuro. E seria imprudente, revelando até alguma incúria, o PSD desaproveitar esta oportunidade para a construção de um modelo educativo de vanguarda. Não quero com isto dizer que se tenha de aprovar ipsis verbis a proposta. Mas a discussão deve ser feita com ponderação, sem atirar o bebé juntamente com a água, em nome do futuro dos madeirenses. Porque as boas ideias, venham de onde virem, devem ser aproveitadas".
Foto: Google Imagens.

2 comentários:

Rafael Mendes disse...

Continuamos sem acesso a esse documento falado mas não encontrado...
Porque não o coloca on-line para que possa ser conhecido e discutido?
Não encontramos no site do GP do PS-M.
Está o Sr. Deputado a querer dinamizar uma discussão... no vazio.
Assim, sujeita-se a tudo...

André Escórcio disse...

Já solicitei aos serviços de apoio do meu GP que, junto da empresa que tem a responsabilidade de actualização e manutenção do site, que coloque a proposta on-line. Não sei o que se passa. Mas, amanhã, tenho uma reunião e tratarei do assunto.
Eu desejo uma discussão que vá para além do Parlamento, porque entendo que a proposta constitui um ponto de partida. Assim o entenda também a maioria parlamentar.