A propósito do Programa de Governo ontem apresentado na Assembleia da República, o presidente do governo regional da Madeira, dentro do seu registo discursivo habitual, segundo a edição de hoje do Jornal da Madeira, sublinha que: "só vi uma hora de debate antes do almoço", concluindo que o que observou são "sempre as mesmas histórias. A avaliação dos professores, questões relacionadas com leis do trabalho e com o subsídio de desemprego. Agora, confesso que durante a hora e tal que vi o Programa de Governo, a classe política parece-me hoje um grande deserto", justificando de seguida: "primeiro, não se debate as grandes questões do país, que reformas são preciso fazer para o país tornar a alavancar economicamente e em termos de emprego. Segundo, não aparecem as sugestões e as decisões firmes necessárias para se transformar Portugal". Portanto, "o pouco que eu vi da discussão foi mais do mesmo", avaliou. O presidente recordou, ainda, de ter ouvido "um indivíduo qualquer a dizer asneiras sobre o Centro Internacional de Negócios da Madeira", mas esse momento também não o surpreendeu "porque é uma classe política decadente e que diz asneiras".
Vou dar de barato estas declarações e vou mais longe dizendo que há muita coisa desesperante no nosso País mas, não fico por aí, tenho, obrigatoriamente, que estabelecer o contraponto. Pergunto, então, e por aqui, nesta Região AUTÓNOMA? Estes trinta anos de repetições, de incapacidades, de logros políticos, de castração cultural, de repetitivo modelo económico, de dívidas a pagar pelas gerações vindouras, de chumbos sistemáticos a excelentes propostas da oposição, de um sistema educativo que produziu péssimos resultados, de uma agricultura e pescas em contracção, de uma indústria turística que se vê em palpos de aranha, de um pobreza crescente e de um desemprego que não estanca, enfim, para além das infra-estruturas (desde que haja dinheiro, empreiteiros não faltam) o que resta da sua governação? Para além disso, porque trago em memória os sucessivos debates de programa de governo do PSD-M na Assembleia da Madeira e, ainda, os quase intermináveis discursos do Presidente a encerrar aquela espécie de debates sectoriais, interrogo-me, por um lado, o que tem sido feito para alterar o quadro dramático em que nos encontramos e se na Assembleia da República aquilo não tem mais nível político do que aqui se passa! Mais ainda, com tanta crítica aos parlamentares de lá e respectivo governo, pergunto, como é que este homem, este providencial da política ainda não conseguiu espaço Nacional? Curioso, não?
1 comentário:
Caro amigo
Respondendo à sua pergunta final, digo-lhe que ele bem queria... Mas parece-me que continua a ser "um general sem tropas".
Ou talvez esteja apenas à espera que o "saco de gatos", batendo no fundo, lhe peça para ser o messias salvador.
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