Não é a primeira vez que acontece e, certamente, não será a última. Chocou-me a utilização do púlpito da nova igreja do Jardim da Serra pelo presidente do governo regional. A cerimónia de Dedicação da Igreja é tudo menos um acto político. O que ali aconteceu foi um mix de religião e política. A pergunta é esta: a que "carga d'água" o líder do PSD e presidente do governo tem de dirigir-se aos fiéis num lugar sagrado à divulgação da Palavra? É óbvio que o Senhor Presidente do Governo tem todo o direito de falar, de dizer que a Igreja foi possível com os milhões do erário público, todavia, no adro, nunca dentro do Templo numa atitude que, claramente, tem uma intenção política. Basta a sua presença para que essa intencionalidade se manifeste.
É esta promiscuidade entre a Igreja e o Poder que ofende, esta relação de proximidade que tem subjacente uma ideia maior, isto é, aqui está o Templo agora não se esqueçam de nós, é esta vivência de interesses que desprestigia ambas as instituições. Aliás, tem sido sempre assim, antes e depois de Abril, a clara subserviência da Igreja ao Poder Temporal, onde emerge também o afastamento ou deslocação daqueles que, na divulgação da Palavra, são mais sensíveis e tentam ir mais longe, interpretando-a e contextualizando-a. Por algum motivo, obviamente!
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