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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

POLITÓLOGOS

Acompanho com alguma regularidade o programa da RTP-Madeira "Dossier de Imprensa". Por dever e porque gosto. Com toda a sinceridade é dos poucos que me prendem a atenção. Não é óbvio e há ali sempre qualquer coisa que me coloca a pensar, mesmo quando, em algumas matérias, não tenha a minha concordância. Mas é importante que seja assim, pois é por aí que a Democracia se fortalece. Imagino que as pressões sejam muitas para calar a voz livre dos jornalistas mas, nesse aspecto, é para o lado que durmo melhor. E, certamente, os jornalistas, também. Comparo-o ao "Eixo do Mal", da SIC, que também não gosto de perder.
Vem isto a propósito do programa de ontem. Conheço e tenho muita consideração pelo convidado Dr. Francisco Gomes. Consideração pelo que é enquanto pessoa, pela sua inteligência, pela sua formação académica e pela coragem que teve de sair do País para conseguir despertar para horizontes mais vastos. É um exemplo para a juventude. Foi apresentado como Politólogo. Tudo bem. O Dr. Francisco Gomes tem formação adequada para isso. Só que, enquanto comentador, pelo menos para mim na qualidade de espectador, vi um politólogo muito, muito, mas muito próximo do poder regional. E eu, e porventura muitos que assistiram ao programa, não desejamos ouvir o óbvio, a defesa subtil ou não do poder, preferimos que alguém, bem formado, atento, com capacidade para descobrir aspectos que se escondem por detrás da actividade política, interprete, relacione, critique e nos deixe a pensar. Isto é, exige-se distanciamento. Um distanciamento igual ao que os jornalistas apresentam quando abordam os vários temas da semana, sem medo de serem rotulados, mormente pelo poder, de socialistas, comunistas e quejandos da nossa praça. E este convidado, de qualidade, sabe como fazer. Apenas um reparo, com amizade, pelo Dr. Francisco Gomes.

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