Duas notas neste início de fim-de-semana:
1ª Oh Senhor Secretário Regional dos Recursos Humanos, por favor, de uma vez por todas, enfrente o dramático problema do desemprego. Já não há pachorra, como alguém dizia no Parlamento, para este discurso do tipo "nhe, nhe, nhe.... nhe, nhe, nhe!". Essa forma de tentar encontrar sempre uma habilidosa forma de contornar e até esbater o problema, não me parece séria, nem honesta e apenas, como vulgarmente se diz, serve para "entreter camelos".
É evidente que a Secretaria dos Recursos Humanos não é responsável pelo desastre da política económica. Essa política tem outros responsáveis no governo, mas então combinem lá o discurso antes de qualquer leitura aos números. Independentemente disso, há um facto, o desemprego cresce, assustadoramente, e não basta o governo acoitar-se em meia-dúzia de medidas e na protecção social que depende, exclusivamente, do Continente. É aqui, na Região, que tem órgãos de governo próprio, que as grandes linhas estratégicas de desenvolvimento económico têm de ser traçadas no sentido de potenciar a empregabilidade. Mascarar a situação significa, desde logo, duas coisas: primeiro, incapacidade política para assumir os erros de uma política económica baseada em Keynes que, de acordo com a feliz interpretação irónica do Deputado Carlos Pereira, o governo sempre admitiu que ele foi empreiteiro e não economista; segundo, clara incapacidade política para resolver os problemas. Este mês são mais de 15.300 os desempregados e nada se vê no sentido de estancar a situação dramática que a Região enfrenta.
2ª Esta manhã, com o devido respeito pelo Sindicato Democrático de Professores, em representação do meu grupo parlamentar, assisti à sessão de abertura do seu V Congresso. Com redobrada atenção escutei o discurso do Senhor Presidente do Governo Regional. Um assunto ao qual voltarei um dia destes com uma outra profundidade. Mas quero aqui adiantar que foi desesperante ouvi-lo falar de Educação. Registei muitas passagens, mas nem uma me deixou a reflectir. Lugares comuns, demagogia, populismo e ausência total de uma linha coerente para a Educação.
Eu não falo de engenharia porque não sei e não falo de arquitectura porque não sei. Posso ter uma leitura estética, de resto deixo isso para quem sabe. É por isso que gosto de ouvir quem sabe. Quando não se sabe, das duas uma, ou estamos calados, ou, então, informamo-nos sobre o assunto e escrevemos, para não dizer asneiras. Falar de improviso, nunca!
Confirmei, assim, que o desastre da Educação na Madeira constitui o desastre da falta de pensamento sobre a Educação. Apenas um exemplo, porventura o menos grave do que escutei: pode o presidente não aceitar o "modelo" de avaliação de desempenho dos docentes. Deve, porém, apresentar uma alternativa mesmo que em forma de linhas gerais. Não pode é dizer que os professores não devem ser avaliados, quando ele próprio é que assinou o Estatuto da Carreira Docente que está em vigor e que é, em matéria de avaliação de desempenho, igual ao do Ministério da Educação e que tanta celeuma tem levantado.
Mais. Colou-se aos professores mas foi incapaz de falar da iníqua prova pública de acesso ao 6º escalão, dos professores que estão, há cinco anos, na Madeira, impedidos de progredir na carreira, da indisciplina e da violência no espaço escolar, enfim, fugiu a tudo com graçolas pelo meio em um momento que a Educação precisa de um discurso muito sério. E o problema disto é que as pessoas continuam a aplaudir!!!
Ilustração: Google Imagens.
5 comentários:
Caro Amigo
Não tive oportunidade de ver/ouvir a intervenção do UI(Único Importante)no conclave do SPM.
Por esse motivo,faça-me o favor de me esclarecer:
Os professores aplaudiram o arrazoado?!
Bom dia e obrigado pela comentário. E quanto à pergunta... obviamente que sim, por três vezes. O Sindicato Democrático de Professores está muito próximo do PSD, sabe-se disso, portanto não é de estranhar. O governo estava lá, desde o Presidente, ao Secretário, aos Directores Regionais. Mas o problema não é esse. O problema é que eu, enquanto cidadão-professor, senti-me envergonhado pela dimensão do discurso. Só lhe adianto mais esta pérola: "eu sou por um sistema nacional de ensino" e, daí a pouco, no âmbito da Autonomia, mais ou menos isto... eu quero um país e dois sistemas. Foram n as contradições, as faltas de sentido, de rumo e de ideias. Mas, enfim...
Corrigenda:
Por lapso, escrevi SPM quando deveria ter escrito SDP.
Da confusão (onde não há,nem pode haver, qualquer espécie de confusão)apresento as minhas sinceras desculpas.
Veja lá o Sr. Deputado que quer um Sistema Educativo Regional: o Sr.Representante da República chumba o ECD pois ele é (ainda) demasiado diferente do ECD nacional.
E você quer faze-lo totalmente diferente, mas não quer alterar a Constituição, única forma de o fazer...
Contradições.
Manuel Machado
Obrigado pelo seu comentário.
Em primeiro lugar, lamento que o seu comentário não tenha entrado directamente. Devo ter feito alguma coisa no computador... Recuperei-o através das mensagens entradas e não através do blogue.
Mas isso pouco interessa.
Vamos ao assunto.
Não há qualquer contradição. Se tiver em consideração muitas das minhas posições sobre a Revisão Constitucional, tenho vindo a dizer que, cirurgicamente, aqui e ali, a revisão justifica-se. Tal como se justificou em 2004 em matéria de política educativa e que não houve o cuidado de negociar.
Neste aspecto entendo que se torna importante esclarecer, de uma vez por todas, o que significa "as bases do sistema educativo serem reserva absoluta da República". Eu tenho um entendimento que já explicitei várias vezes.
Mas isso não é assim tão importante. A configuração dos edifícios não dependem da Constituição, tal como o nº de alunos por escola e turma, tal como a sua organização interna, tal como alguns aspectos de natureza curricular e até programática. Não depende da Constituição as medidas económicas que visem esbater a pobreza, enfim... por aí fora.
O que é certo é que a Região nunca teve uma política séria no campo ediucativo nem nunca teve uma atitude reivindicativa por um sistema próprio.
Não há, por isso, qualquer incoerência da minha parte. Eu estou consciente das dificuldades mas também sei que há caminhos alternativos por explorar.
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