SERIA UM SINAL DE INTELIGÊNCIA...

A "guerra" é total e, portanto, quando o Povo determinar a paz, convencido estou que ser-lhes-á muito difícil.

Já aqui escrevi o que alguém me recordou, há já alguns anos: "eles que gozem a guerra que quando houver paz será muito difícil para eles". O contexto era outro, mas adapta-se, perfeitamente, ao momento que estamos a viver. Politicamente, estou convencido que sim. A "guerra" imposta pela maioria parlamentar é a do chumbo permanente a todas as propostas vindas da oposição, embora, muitas vezes, mais tarde, as copiem. Mas ali, naquele momento, nada tem valor e, por isso, quem se habitua a este ritual que dura há trinta e tal anos, plenos de auto-suficiência e de menosprezo pelos outros representantes do Povo, dificilmente saberá adaptar-se ao momento da paz, isto é, ao momento da democracia séria, adulta, que respeite princípios e valores. Estou convencido que será muito difícil aos de hoje suportarem, amanhã, a posição contrária. Por outras palavras, ao invés da oposição de hoje, esta maioria do PSD não está preparada para, amanhã, ser oposição. O desconforto será total. E neste aspecto, convencido também estou que os que hoje se opõem, em múltiplos aspectos, com carradas de razão, saberão ocupar o lugar que a vida e a vivência democráticas exigem.

Tudo isto a propósito de, ainda hoje, três Projectos de Resolução (recomendações ao governo) terem sido chumbados em sede de 2ª Comissão Especializada de Economia e Finanças. Ei-los:

1. Projecto de Resolução intitulado “Recomenda ao Governo Regional a elaboração de Proposta de Orçamento Rectificativo ao Orçamento da Região Autónoma da Madeira de 2010”. (PS)
2. Projecto de Resolução intitulado “Recomenda ao Governo Regional a tomada de medidas para resolver os graves problemas porque passam os Empresários da Região Autónoma da Madeira”. (PS)
3. Projecto de Resolução intitulado “Estabelecimento de critérios na atribuição de apoios às Instituições Públicas e Privadas da Região Autónoma da Madeira”. (PS)

Tratava-se, apenas, de recomendações ao governo. Não foram decretos legislativos que estiveram em "debate" e que, eventualmente, pudessem colocar em causa o programa de governo do PSD. Tratou-se, repito, de actos políticos, devidamente estudados, estruturados e enquadrados em uma postura de colaboração a quem governa. Mas nem isso foi aproveitado. A ordem é a do chumbo, puro e simples, sobre tudo quanto a oposição, com muito trabalho vai desenvolvendo e que uma maioria consciente e responsável pela governação deveria absorver. Constituiria até, um sinal de inteligência. Mas não, a "guerra" é total e, portanto, quando o Povo determinar a paz, convencido estou que ser-lhes-á muito difícil.

Ilustração: Google Imagens.