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domingo, 4 de abril de 2010

DOMINGO DE PÁSCOA E A "CHAMA DA ESPERANÇA"

É essa Igreja que faz falta, aquela que dispensa os milhões para novos Templos, aquela que não quer o seu Povo dependente da caridade, antes luta pela igualdade e pela fraternidade, luta pelos direitos, luta por um Evangelho vivo, aplicado, custe o que custar e doa a quem doer.


Uma nota neste Domingo de Páscoa.
Começo pelas palavras do Senhor Bispo Dom António Carrilho que apelou aos cristãos (DN-M) para que acendam "a chama da esperança" e deixem transparecer na sua vida "a verdade, o amor, a justiça e a paz de Jesus" (...) porque esta sociedade está "carente de paz, amor e esperança", e que deixem "acontecer o milagre da vida nos gestos de ternura e de bondade" (...) com "escuta, perdão, compreensão e solidariedade".
Tudo bem, julgo que ninguém colocará em causa estas palavras de circunstância, perfeitamente adaptadas ao período Pascal. Melhor dizendo, neste período ou em qualquer outro menos festivo do ano. O problema é perceber que razões levam a que não haja verdade, amor, justiça, paz, esperança e bondade. O problema reside aí. E sabe o Senhor Dom António Carrilho que o problema é político, dos políticos e da Igreja, obviamente. Há muitos anos que oiço a Igreja falar do mesmo, daquelas palavras tão importantes e tão profundas, todavia, sem resultados práticos. Cada vez vez há menos verdade, menos amor, menos justiça, menos paz, menos esperança e menos bondade. Sabemos que assim é e de nada valerá escamotear. E isto acontece, entre muitas e muitas variáveis, ao facto da Igreja não se assumir pela diferença, distanciando-se do poder temporal e ao contrário de contextualizar a Palavra, preferir delas falar de forma oca e sem significado. O problema é, por isso, político, e sendo-o, só aí tocando, a tal verdade, o tal amor, a tal justiça, a tal paz, a tal esperança e a tal bondade poderá invadir o coração dos Homens. Se assim não for a Igreja continuará a sua lenta marcha cada vez mais distante dos princípios e dos valores que a sociedade reclama.
Eu quero uma Igreja redentora, eficaz, directa junto daqueles que promovem o egoísmo, a fome, a exclusão e castram a liberdade. É essa Igreja que faz falta, a Igreja que não fica pelos rituais, antes vai ao encontro do Homem, libertando-o. É essa Igreja que faz falta, aquela que dispensa os milhões para novos Templos, aquela que não quer o seu Povo dependente da caridade, antes luta pela igualdade e pela fraternidade, luta pelos direitos, luta por um Evangelho vivo, aplicado, custe o que custar e doa a quem doer.
E por aqui fico, porque hoje é Domingo de Páscoa. Embora tanto tivesse para dizer do coração para fora!
Ilustração:
Sagrada Família. Barcelona.
Arquivo pessoal.

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