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segunda-feira, 26 de abril de 2010

UM LÍDER TEM DE SER RESPONSÁVEL, NÃO SE REFUGIA.


Negar os inquéritos, as comissões de acompanhamento, não querer contextualizar e debater os factos, por mais incómodos que eles sejam, apenas significa má consciência de quem assim se comporta e defende.


O artigo de opinião do Presidente do Governo Regional da Madeira, publicado, hoje, no JM, é um "mimo". Objectivo primeiro e único: bater na oposição, refugiar-se na condição de vítima e, a espaços, puxar dos "galões" da idade para assumir que não tem paciência para os aturar. E, no meio de tudo aquilo, lá vem a história de 20 de Fevereiro com a seguinte passagem:
"(...) Começou pela tragédia ser miseravelmente aproveitada por alguns desse «contra», nos Partidos e na comunicação «social», para tentativas de ajuste de contas pessoais e políticas, vomitando então os ódios mais reles e desenvolvendo práticas que atingiram os mais profundos interesses do Povo Madeirense. Nem faltaram aqueles que consideram as coisas estar bem feitas, apenas quando os «estudos» são deles... para se lhos pagar! Depois, veio a tentativa frustrada de puxar da manga argumentos ou legítimas posições, mas antecedentes ao sucedido, para envenenar o grande espírito de saudável coesão nacional que as circunstâncias estabeleceram solidamente. Em seguida, a tentativa de fazer comissões para isto e para aquilo, a par de «inquéritos» de objectivos meramente políticos e visando lançar suspeições vergonhosas, «comissões» que tinham como fins, travar o ritmo de recuperação de que o Povo Madeirense tanto se pode orgulhar e que reforçou o capital de simpatia e de solidariedade que do exterior Lhe é devotado. "Comissões" que pretendiam, ainda, passar um atestado de incompetência a quem democraticamente foram atribuídos os cargos de responsabilidade pública (...)".
Começo pelo aproveitamento político da tragédia. Constituirá aproveitamento político, no âmbito dos direitos e dos deveres dos Deputados eleitos, querer inteirar-se das causas e das consequências e, através de inquéritos e audições, percebê-las e compreendê-las no sentido, até, da correcção de processos futuros? Então, perguntar-se-á, para que serve a Assembleia? Não será ali a casa da Democracia, o espaço onde o debate político deve acontecer, olhos nos olhos, custe o que custar e doa a quem doer? Evidentemente, com responsabilidade, distante de ofensas pessoais mas sem fugas às realidades. Negar os inquéritos, as comissões de acompanhamento, não querer contextualizar e debater os factos, por mais incómodos que eles sejam, apenas significa má consciência política de quem assim se comporta e defende.
Aliás, se o poder regional nada tem a temer e está de consciência tranquila, obviamente que, julgo eu, disporá de argumentos bastantes para contrariar a oposição. Só que isso não acontece, porque o governo sabe e as autarquias sabem que, ao longo dos anos, muitas e muitas negligências aconteceram, desde claros incumprimentos dos vários instrumentos de planeamento, até ao facto de fazerem letra morta das linhas de orientação estratégica e respectivas políticas de intervenção, constantes dos sucessivos programas de governo.
Governo e Câmaras sabem que, desde sempre, houve um fechar de olhos para as situações abusivas que concorreram para o desordenamento do território, na ocupação das linhas de água, na construção de habitação de génese ilegal e na falta de coragem para dizer não ao fornecimento de materiais que acentuavam o risco. A estrada que deveria ser assumida como elemento essencial do ordenamento, surgiu, muitas vezes, depois da habitação, depois da energia eléctrica, água e esgotos. Sabem que foi assim e, daí, o receio de confrontar, politicamente, as opções seguidas em contraponto com os resultados da tragédia. Não é que ela pudesse ser evitada, mas, no mínimo, atenuada.
O governo e as autarquias sabem que isto é verdade e, daí, o presidente e a maioria parlamentar dizerem não às comissões de inquérito, às comissões de acompanhamento e aos projectos de decreto legislativo regional no sentido de esbater, no futuro, as consequências da força da natureza. Quem tem medo de debater estas questões, do meu ponto de vista, não é digno de ocupar a posição de líder. Um líder tem de ser responsável. Não é líder quem se refugia.
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio

A COVARDIA é a arma dos FRACOS.