É um erro tentar apanhar o combóio já na última estação.
"Eu acredito que estamos a preparar bem a nossa juventude, que está sendo bem preparada para tomar conta da Madeira no futuro", salientou, ontem, o Vice-Presidente do Governo Regional, aquando da entrega de uns certificados decorrentes de um curso intensivo sobre empreendedorismo.
Ao ler esta declaração, a única leitura que fiquei da mesma foi se o Senhor Vice-Presidente do Governo saberá o estado da nossa juventude, o estado do sistema educativo e, neste aspectos, os níveis dos resultados atingidos, os números do abandono e do insucesso? Saberá? Obviamente que não sabe. E se sabe, a responsabilidade do cargo que ocupa deveria levá-lo a um discurso, não de circunstância e vazio, mas a um discurso de alerta, de grande preocupação, doesse a quem doesse, porque em causa está o futuro. É que não se trata de uma figura qualquer, não foi sequer o Secretário Regional da Educação que falou, mas o Vice-Presidente, o segundo político na hierarquia do governo e isso preocupante.Tendencialmente, sabe-se, que uma qualquer equipa sectorial, tenta esconder ou esbater os seus próprios insucessos governativos, já um Vice-Presidente, embora escolhendo as palavras, tem por obrigação tocar na ferida, equacionar o problema com profundidade em função dos dados disponíveis. Se é para dizer o mesmo que outros andam a tentar vender, porventura, o melhor é estar calado.
Com este sistema educativo, Senhor Vice-Presidente, não há empreendedorismo que avance. Aliás, constituiria uma boa proposta para uma Dissertação de Mestrado, a realização de um estudo sobre o "Empreendedorismo na Madeira" desde a altura que pegaram nesta palavra quase como mezinha para todos os males da economia da Região. Um estudo com todas as variáveis e, naturalmente, na relação investimento-resultados. Não escondo que tenho uma total desconfiança relativamente a estas iniciativas que chamo de fim-de-linha. O importante seria reinventar o sistema educativo no sentido de preparar o futuro, gerar uma rotura curricular e programática, descobrir se há ou não uma dimensão política do currículo para que tudo continue como está, e, tão importante quanto isto, cuidar da sociedade. É por aí, em um trabalho concertado entre os princípios e os valores que a sociedade defende, o seu bem-estar social e uma escola de qualidade que se pode chegar à inovação, à criatividade e ao sentido de risco. É um erro tentar apanhar o combóio já na última estação.
Ilustração: Google Imagens.
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