A EFEMERIDADE DA VIDA

Dou comigo a pensar na desproporcionalidade entre o tempo cósmico, compaginado como o tempo histórico, em contraponto com o tempo existencial.

Vai hoje a sepultar o jovem Jornalista Nélio Freitas. Penso que já foi tudo dito sobre este Homem que caracterizo de fino trato, isto é, de uma relação humana que me contagiava, para além de, profissionalmente, evidenciar uma irrepreensível competência. Não o sabia portador de doença muito grave. Na Sexta-feira, ao cair da noite, estava eu fora da Região, fui surpreendido pela notícia que me chegou através da Jornalista Daniela Maria, colega de Nélio Freitas na RDP/Madeira, ela com a voz completamente embargada. Fiquei chocado, obviamente.
A vida tem destas situações. Tantas vezes comigo dou a pensar no Homem, na desproporcionalidade entre o ser mais poderoso, mais capaz, mais inteligente, o construtor por excelência, e a fragilidade que, simultaneamente, apresenta. Dou comigo a pensar na desproporcionalidade entre o tempo cósmico compaginado como o tempo histórico, em contraponto com o tempo existencial. O Homem forte, cheio de convicções, com uma vida para dar e receber, deixa-nos aos 37 anos e deixa uma família que ajudou a construir, porque apesar de forte e lutador, não conseguiu resistir e debelar a maldita doença. O Nélio, durante horas a fio, não me saltou da cabeça. O efémero desta vida e a fragilidade do ser humano, levou-me, uma vez mais, a ter presente a maldade que por aí anda à solta, a agressividade, a ganância, a intolerância, a falta de respeito pela dignidade da vida de muitos seres, tudo por um pouco ou muito poder, quando, em poucas horas, tudo acaba na vida terrena. O Nélio, pelo que me apercebi das minhas fugazes conversas, passou pela vida contrariando aquilo que, grosso modo, caracteriza uma parte da sociedade. É, por isso, digno do maior respeito e consideração.

Expresso à família, concretamente, à sua mulher e filhos, as mais sentidas condolências.

Ilustração: Google Imagens.