Há que romper com essa Escola cristalizada, impessoal, que não interage com os restantes sistemas, não consegue dar e receber, não se alimenta, gera entropia e, portanto, acaba por desmobilizar alunos, potenciar desencontros e perda do respeito.
O processo mais seguro de combate à pobreza e exclusão social é o do investimento na Educação. Não há outra forma de quebrar este contaminador círculo vicioso. E neste pressuposto, creia o leitor, que fiquei atónito ao escutar, presencialmente, o discurso do presidente do governo regional por ocasião do V Congresso do Sindicato Democrático de Professores. Um discurso que valeu zero, porque não trouxe uma única ideia susceptível de reflexão. Tudo lugares-comuns, contradições, paleio sem interesse e sem mensagem. Eu diria que ficou ali espelhado o pobre sistema educativo que temos. O governo ainda não entendeu que este sistema enforma a matriz da Sociedade Industrial e que, portanto, não consegue se compaginar com "L'Homme Symbiotique" do terceiro milénio, na metáfora de Joël de Rosnay (1995). E como não consegue, deriva daí que esta Escola se apresente desenquadrada, capaz de responder para ontem quando deveria responder para o futuro. Basta olhar para a sua organização global, para os currículos, para a articulação programática e para os resultados. Basta um olhar para a insistência na padronização, concentração e centralização, quando deveria incentivar a diferenciação, um menor número de alunos por escola e por turma e uma real autonomia, gestionária e administrativa dos estabelecimentos. Toffler (1980), na "Terceira Vaga", caracterizou este quadro designando-o por código oculto da Sociedade Industrial. Código que permanece na Escola e domina as consciências adormecidas por anos a fio de rotinas. Passaram-se trinta anos e não aprenderam com os alertas. É, por isso, que a escola é hoje um mundo de iniciativas que não servem para nada, está cheia de tralha com o acessório a tomar conta do essencial. Esta Escola não é portadora de futuro. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra.
Depois, há um problema por resolver que é o da concepção da organização societal, que passa pela economia, pelo direito e pelos horários de trabalho, pelas remunerações dignas, pelo desafio derivado da entrada da mulher no mundo do trabalho, pela disciplina, pelo rigor e por políticas muito sérias de família onde emirjam princípios, valores e uma cultura de responsabilidade na educação dos filhos. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra. Estranhamente, a plateia de professores aplaudiu. Talvez porque ainda não perceberam, como sublinha o Professor António Nóvoa, que para regressar à ribalta o professor terá de quebrar o silêncio de uma profissão que perdeu visibilidade, por culpa política. E que, no contexto da "sociedade educativa", deveriam os professores "pensar a pedagogia na perspectiva do que não existe na sociedade", pois, por aí, a Escola não imitaria a vida e, à maneira de G. Bachelard, poderia abrir caminho para que a "vida imitasse a Escola". Em causa está a necessidade de partir de conceptualizações diferentes para que a Escola constitua um espaço de integração, de responsabilidade, de excelência e bem-estar entre docentes, alunos e funcionários. Um quadro que impõe o rompimento com essa Escola cristalizada, impessoal, que não interage com os restantes sistemas, não consegue dar e receber, não se alimenta, gera entropia e, portanto, acaba por desmobilizar alunos, potenciar desencontros e perda do respeito. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra.
Rubem Alves escreveu que "não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses (…) e que "amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem o tem sabe que, a qualquer momento, ele pode voar". Nesta concepção de Escola ninguém pode pensar em metamorfoses e em gerar grandes voos. Ora, ou a Educação assenta nestas premissas, ou, então, a Escola permanecerá aberta embora sem rumo. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra.
Depois, há um problema por resolver que é o da concepção da organização societal, que passa pela economia, pelo direito e pelos horários de trabalho, pelas remunerações dignas, pelo desafio derivado da entrada da mulher no mundo do trabalho, pela disciplina, pelo rigor e por políticas muito sérias de família onde emirjam princípios, valores e uma cultura de responsabilidade na educação dos filhos. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra. Estranhamente, a plateia de professores aplaudiu. Talvez porque ainda não perceberam, como sublinha o Professor António Nóvoa, que para regressar à ribalta o professor terá de quebrar o silêncio de uma profissão que perdeu visibilidade, por culpa política. E que, no contexto da "sociedade educativa", deveriam os professores "pensar a pedagogia na perspectiva do que não existe na sociedade", pois, por aí, a Escola não imitaria a vida e, à maneira de G. Bachelard, poderia abrir caminho para que a "vida imitasse a Escola". Em causa está a necessidade de partir de conceptualizações diferentes para que a Escola constitua um espaço de integração, de responsabilidade, de excelência e bem-estar entre docentes, alunos e funcionários. Um quadro que impõe o rompimento com essa Escola cristalizada, impessoal, que não interage com os restantes sistemas, não consegue dar e receber, não se alimenta, gera entropia e, portanto, acaba por desmobilizar alunos, potenciar desencontros e perda do respeito. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra.
Rubem Alves escreveu que "não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses (…) e que "amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem o tem sabe que, a qualquer momento, ele pode voar". Nesta concepção de Escola ninguém pode pensar em metamorfoses e em gerar grandes voos. Ora, ou a Educação assenta nestas premissas, ou, então, a Escola permanecerá aberta embora sem rumo. Mas sobre isto, do presidente, nem uma palavra.
Nota: Artigo de opinião publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
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