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quinta-feira, 22 de abril de 2010

EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO


Menos escola, menos cultura e mais futebol é a receita do governo. Por isso mesmo temos mais desempregados, mais pobreza, mais exclusão e menos capacidade de ver que há mais mundo para além da Madeira.


A situação que caracteriza a política educativa, desportiva e cultural na Região Autónoma da Madeira é desastrosa. No essencial, o que se constata, são escolas descapitalizadas, cheias de dívidas comprometedoras do seu funcionamento, uma política desportiva que deixou todo o associativismo com milhões de encargos assumidos e não pagos e uma política cultural que se vê na obrigação de cortar e de empobrecer a já pobre cultura. Enquanto isto acontece vê-se o desperdício, as obras não prioritárias e os subsídios e os lucros de certas empresas a crescerem de uma forma verdadeiramente obscena.
O Governo da Região ainda não se deu conta do colossal erro que está a ser cometido, há muitos anos, nestes três sectores. Desde logo porque a Escola tem de constituir um investimento prioritário. Os péssimos indicadores que dispomos, de insucesso, abandono, resultados e qualificação profissional, indiciam que o futuro está comprometido. Por detrás de um País ou de uma Região de sucesso está, sempre, um sistema educativo de qualidade. Não se entende, por isso, que a par desta situação, a Escola esteja hoje a se auto-financiar com as dívidas aos particulares. As escolas não têm dinheiro para nada. É um facto que mendigam para poder cumprir o seu projecto educativo.
Em contraponto a esta realidade, da responsabilidade da mesma Secretaria Regional, 31 milhões de euros foram atribuídos para mais um estádio de futebol. Este é um exemplo, mas há outros. Não é apenas a inversão das prioridades que está em causa, mas sobretudo um tiro no direito de todas as crianças, jovens e adultos a uma formação de qualidade, da qual depende o bem-estar futuro dos madeirenses e porto-santenses.
O governo deveria ter consciência que só através de uma educação de qualidade será possível quebrar o círculo vicioso da pobreza, da exclusão social, da incultura e da ignorância. É por isso que nós também não compreendemos a ausência de protecção aos agentes culturais. O ano zero dos apoios à cultura de que o governo fala, há muito que se prolongam, o que torna explosivo todo este processo.
Menos escola, menos cultura e mais futebol é a receita do governo. Por isso mesmo temos mais desempregados, mais pobreza, mais exclusão e menos capacidade de ver que há mais mundo para além da Madeira. Menos capacidade para a inovação, para a criatividade, para o sentido empreendedor e de risco.
Todas estas políticas do governo estão esgotadas. O governo demonstra que continua a ter uma só resposta para problemas diferentes. É tempo de arrepiar caminho, de olhar para a Escola como sementeira do futuro colectivo, de olhar para o desporto como meio e não como fim e, para a cultura, em sentido lato e abrangente, como uma necessidade de libertação do Homem.
Ilustração: Google Imagens.

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