DUPLA VITÓRIA?

Leio no DN-Madeira de hoje, numa alusão ao fim-de-semana desportivo e político, as declarações do Presidente do Marítimo: "O Marítimo venceu nos Barreiros e o PSD fez um congresso brilhante", não terminando sem um recado implícito nas suas palavras. "Foi uma vitória dupla da Madeira para todos os que são e gostam de ser madeirenses".

Ora bem, o presidente do Marítimo tem, certamente, a sua vinculação partidária. Não há mal algum nisso. Tem de ser respeitado. Não pode é esquecer-se que o clube é privado e tem estatutos claros sobre essa matéria. Para além do mais, o Marítimo é dos seus sócios e estes estão, politicamente, na sociedade de uma forma transversal. Esta conotação do Marítimo ao PSD-M metendo todos dentro do mesmo saco, é, portanto, abusiva e imperdoável.

É evidente que percebo o que se diz e porque se diz. Por um lado, é o dinheirinho que está em jogo e, por outro, a costela partidária e a mania de submeter tudo e todos à cor laranja. O Marítimo é verde e vermelho e ponto final.

Sou socialista, orgulho-me de o ser, sócio do Marítimo (nº 80, inscrito a 26.06.50) e gosto da minha terra. Não aceito que a generalidade dos sócios do Marítimo sejam identificados com uma corrente política e os que não a perfilham sejam tidos como maus madeirenses. Há maritimistas do PCP, do CDS, do Bloco, enfim, de todas as correntes de opinião. Aquelas declarações, são, portanto, ridículas.

Diz o Povo que "não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe". Porque o Marítimo é uma instituição com 100 anos, pergunto, que posicionamento o presidente do clube assumirá quando se verificarem alterações substantivas no quadro político regional?

Moderação nas palavras e independência são aspectos necessários no presente e no futuro.