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domingo, 20 de abril de 2008

EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO DESPORTO (III)

“Para aqueles que têm apenas um martelo como ferramenta, todos os problemas parecem pregos” - Mark Twain.
Citei Toffler [1] como poderia enunciar outros visionários. Certo é que há muito que abandonámos as vagas agrícola e industrial. Não me parece lógico que no quadro das vagas que se sucedem se continue a utilizar, grosso modo, os mesmos instrumentos, a mesma conceptualização das práticas físicas dos séculos XIX e XX. Infelizmente, predominam, em cadeia, resistências à mudança no sentido daquilo que é evidente, isto é, de uma Educação Desportiva que acompanhe os novos tempos.
De facto, a mudança sempre incomodou consciências adormecidas por anos a fio de rotinas. E se é normal que tal aconteça, também é normal que surjam momentos em que se agitem ideias, em que se troquem opiniões e em que se divulguem experiências, de forma a que tudo possa ser reequacionado de novo. Para que tudo possa renascer. Por isso, questionar, hoje, a Educação Física é, antes de mais, criar as condições para que ela possa renascer. Trata-se de um trabalho a ser partilhado por todos, dos professores aos políticos, sem dogmas, sem preconceitos e sem ideias preconcebidas, já que aquilo que está em jogo deverá ultrapassar clivagens de opinião. Todas são bem-vindas. Um projecto portador de futuro constrói-se na diversidade das ideias e no pluralismo das opiniões. Um posicionamento destes relega, portanto, o isolamento por ausência de debate. Porque o isolamento apenas conduz à repetição das soluções do passado. Tal como afirmou Mark Twain: “Para aqueles que têm apenas um martelo como ferramenta, todos os problemas parecem pregos”. É por isso que se impõe uma cruzada de criatividade a caminho de novas soluções concordantes com o sentido das mudanças
[2]. Porque hoje as palavras-chave multiplicam-se: rotura, mudança, competência, previsão, estratégia, gestão, reengenharia, excelência, criatividade, inovação, sinergia, comunicação, internet etc., quantas palavras por aí andam que, na sua essência, exprimem que o Mundo passa por duas revoluções, tal como salientou Don Tapscott: “as das tecnologias da informação e a das técnicas de gestão”. Elas são fonte de conhecimento e daí que as escolas que souberem explorar as potencialidades de cada uma serão, certamente, as mais bem sucedidas. (Continua)

[1] A Terceira Vaga foi editada, em Portugal, há vinte anos.
[2] A este propósito, o Doutor Olímpio Bento (2001), sobre a crise da Educação Física, resume: “(…) para a reconstrução da Educação Física assume particular relevância a revolução operada nos conceitos de corpo, de saúde e de estilo de vida activa e na educação ambiental. Mais, essa reconstrução é ditada por duas ordens de razões incontronáveis: 1. pela necessidade de renovação da própria escola, no tocante à sua configuração enquanto polo de cultura e de humanidade; 2. pela necessidade de influenciar o desporto institucionalizado que hoje ostenta as máculas de um paradoxo, ao afastar-se da cultura, da formação, da educação, do humanismo. Isto é, encontra-se em rota de colisão com princípios e valores que o fundaram como um sistema moralmente bom e resvala, cada vez mais, para a imoralidade, para o analfabetismo, para a incultura e para a trapaça. Sendo através desta área escolar que as crianças e jovens acedem ao contacto com o desporto, a escola não pode eximir-se da responsabilidade que lhe cabe nesta matéria”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Considero que a disciplina de EF é de facto fundamental, não deveria no entanto contar para a média final do ensino secundário necessária à entrada na universidade, dado que é essencialmente uma capacidade inata, e o que se verifica é que os bons alunos não são, geralmente, bons atletas, o que os prejudica, enquanto que os maus alunos são compensados por essa capacidade inata que no futuro não lhes propiciará certamente, capacidade para enfrentar a vida universitária e profissional.