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domingo, 27 de abril de 2008

PIOR A EMENDA QUE O SONETO...

O meu ilustre Camarada Dr. Augusto Santos Silva, de passagem pela Madeira, referiu-se ao triste episódio das declarações do Dr. Jaime Gama, sublinhando que tais declarações foram proferidas na qualidade de Presidente da Assembleia da República e que, portanto, não vê razão para tanta crispação em redor do discurso na cerimónia de abertura do recente congresso da ANAFRE. Discordo. E discordo por dois motivos: desde logo porque, como segunda figura institucional do País, o Dr. Jaime Gama tem o dever de estar atento e, portanto, de saber (e sabe) as características ímpares do exercício do poder na Região e os respectivos indicadores de desenvolvimento humano; em segundo lugar, porque o discurso institucional tem regras que estão muito para além dos elogios fáceis e despropositados.
A atitude de compreensão do Dr. Augusto Santos Silva, no fundo, remete-me para o quadro que várias vezes tenho aqui salientado, isto é, o da hipocrisia em que o exercício da política mergulhou. Eu não aceito que um político, investido numa determinada qualidade, às 10 da manhã, teça elogios a uma personagem e, passado uma hora, na qualidade de partidário, afirme precisamente o contrário. Aos políticos exige-se coerência e quando, por razões específicas não se pode dizer aquilo que vai na alma, no mínimo, o dever manda falar apenas do motivo que leva a ali estar. No caso em apreço, ao Dr. Jaime Gama, competia-lhe falar da importância das autarquias, da descentralização do poder e, entre outras, da necessidade que elas têm de verem reforçadas as transferências financeiras em função das crescentes responsabilidades que têm. E por aqui fico.

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