Estou desolado. A minha luta por um sistema educativo melhor, por uma educação ao serviço do desenvolvimento é, de facto, na nossa terra, uma utopia. Atentemos neste diálogo onde intervêm o Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira e uma criança de Câmara de Lobos, minutos antes da chegada do Presidente da República:
- Então, tens tido boas notas?
- Não.
- Não? Tás desgraçado! Não te importes. Também chumbei três anos e cheguei a Presidente do Governo...
Este diálogo é absolutamente inaudito. Afinal que andamos nós, professores, a fazer na escola? Que exemplo de trabalho dá o Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira a uma criança de um concelho a braços com problemas múltiplos de carácter social, educativo, de formação profissional, cultural e económico? Que exemplo para os pais e encarregados de educação foi dado? E que pensarão os responsáveis pelo sistema educativo regional?
Talvez digam que se tratou de uma graça. De muito mau gosto, digo eu. Simplesmente porque com a Educação não se pode nem se deve brincar. A Educação é um sector muito sério, porque é ali que se joga o futuro colectivo e a prosperidade da Madeira. Por momentos, senti uma revolta interior, não pelo meu posicionamento partidário mas pela infelicidade (será?) das palavras ditas, no quadro de um sistema que precisa de muito sucesso escolar e de qualidade para sair do pântano em que nos encontramos.
De resto, um Presidente tem de ser uma referência, um exemplo, porque as suas palavras devem, necessariamente, provocar efeitos positivos na população.
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