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domingo, 13 de abril de 2008

RECONFIGURAR AS ESCOLAS

Tive um Professor, um verdadeiro Mestre que não se esquece. Nas nossas longas conversas aprendi sempre qualquer coisa. O Professor Fernando Ferreira deixou-me marcas positivas na minha vida. Fui seu aluno nos anos 60 e seu colega de trabalho a partir de 1974. Uma, entre outras frases que registei, e que me acompanhou ao longo da vida foi esta: vê sempre para além do horizonte. Muitos anos mais tarde, no decorrer do Mestrado, ouvi um distinto e meu Amigo, Professor Doutor Gustavo Pires, numa aula, dizer ao grupo: façam sempre como o homem do aspirador, quando todos sopravam ele aspirou (...) descobriu o aspirador e ficou rico. Atentem sempre no outro lado das coisas.
Ora, as duas posições complementam-se e tento segui-las a todo o momento. Não me deixo ficar pelas primeiras leituras de processo. E isto vem a propósito para dizer que o estudo dos Sistemas Educativo e Desportivo foram desde sempre para mim uma paixão. E uma paixão que, na consecução daqueles princípios orientadores, nunca se ficou pelas posições apriorísticas. Tento sempre ir mais longe pese embora, obviamente, as minhas limitações.
O que lamento são aqueles que, mecanicamente, nos lugares que ocupam, repetem, repetem e repetem, não conseguem ouvir os outros e discursam inconsequentes banalidades.
Aqueles registos que os trago em memória activa, acompanharam-me quando lia um texto de excelência do Professor José Pacheco, notável educador: "(...) Há mais de meio século Freinet colocava a seguinte questão: como será uma aula, onde os alunos não farão, todos ao mesmo tempo, o mesmo? Como regular todo o trabalho escolar?. Freinet tinha a consciência da obsolescência da organização do trabalho escolar centrada em aulas dadas para um (inexistente) "aluno médio" em tempos iguais para todos. Preocupava-se com a imposição de ritmo único para alunos que denotavam diferentes ritmos. Interrogava-se (...)".
Mais adiante, o Professor interroga: "(...) Quando se deixará de centrar o problema no aluno, para o centrar numa gestão diversificada do currículo? Quando cessará a intervenção do especialista, num canto da sala de aula, e se integrará o especialista numa equipa de projecto? Quando se concretizará uma efectiva diversificação das aprendizagens, que tenha por referência uma política de direitos humanos que garanta oportunidades educionais e de realização pessoal para todos? (...)".
É precisamente isto que me preocupa, a repetição mecânica do sistema (ainda muito próximo do modelo da Sociedade Industrial) sem pensar que há outras formas de aprender, inclusive, para um novo tempo que não se compadece com vistas de curto alcance. Por favor, façam como o homem do aspirador! E, como diz o Professor José Pacheco, "(...) por muito que isso desespere os adeptos do pensamento único eu sei que é possível concretizar uma escola que dê garantias de acesso e sucesso para todos (e com excelência académica). E sei que isso é possível na prática (...)".
Subscrevo.

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