Uma vez mais a RTP-M, porventura porque a consciência acusa alguma coisa, sentiu a necessidade de equacionar, à sua maneira, a falta de pluralismo, de equilíbrio e noção da responsabilidade que tem enquanto detentora do serviço público. Chega ao ponto de justificar o pluralismo com um programa no qual participam cinco jornalistas, como se eles, naquele espaço, representassem correntes de opinião partidária. Os jornalistas não mereciam isto. A função deles, naquele programa, é absolutamente independente e, nesse sentido, analisam e comentam. Só isso.
Aliás, a RTP-Madeira deveria perceber a dimensão das palavras do jornalista Adelino Gomes, seu convidado do jornal de ontem que, a páginas tantas, disse para o pivot, quando este o questionou sobre a tentação inacta dos governos para controlarem a comunicação social:
"(...) apesar de muitos estudos na comunicação social, na área da teoria dos efeitos, demonstrarem que os efeitos das mensagens não são tão directos e tão úteis e positivos como às vezes os emissores pensam (...) as pessoas julgam ainda que condicionarem a informação e fazerem a informação manipulada rende junto dos outros. E a verdade é que, desde os anos 40, temos vindo a aprender que não é assim e que pelo contrário até leva a efeitos contrários".
Adelino Gomes foi mais longe quando se referiu à dicotomia governantes/jornalistas:
"(...) o governante tem uma obrigação reforçada de se conter e se não consegue conter-se, no caso dos jornalistas, devem obrigá-lo a conter-se". Devem opôr-se nesse sentido e ter a coragem de o fazer embora com custos.
A verdade, porém, por aqui essa coragem só poderia ser exercida se as respectivas direcções fossem livres e permitissem o cumprimento escrupuloso do código deontológico, garantindo-lhes protecção face à independência do seu trabalho. E isso está muito longe de acontecer.
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