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quarta-feira, 2 de abril de 2008

ENTIDADE REGULADORA DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Acabo de ouvir as declarações do Director da RTP - Madeira a propósito dos valores a que chegou a ERC, no quadro do pluralismo político-partidário dos respectivos serviços de informação do operador público. Bem se esforçou o Director da RTP para justificar o que me parece injustificável. Somou percentagens daqui e dali para demonstrar a isenção. O costume.
Porém, nesse aspecto das percentagens, pessoalmente, até as dou de barato. Engana os desprevenidos. Aliás, o problema nunca residiu nem reside aí. Não está na pluralidade e nas percentagens que estão associadas. O problema está a outro nível. Está na incapacidade de fazer jornalismo de investigação e de provocar debates sérios, bem preparados e plurais. Não é admissível que este serviço público, por exemplo, aquando das campanhas eleitorais, não consiga colocar em confronto os cabeças de lista. É um direito da população eleitora ao esclarecimento dos programas partidários e um dever do serviço público. Não é aceitável que face a uma situação de gravidade extrema, refiro-me à dívida pública da Região, não se debata esta preocupante questão aos olhos dos madeirenses. O que historicamente acontece é a ausência de debate, vá lá saber-se porquê. Quem não comparece a cadeira deve ficar vazia. Talvez fosse remédio santo!
Da mesma forma que não é admissível que nos períodos eleitorais, as peças jornalísticas de reportagem de actos inaugurais de obras públicas se transformem em comícios. No mesmo dia, por norma, são dois em um: a reportagem do partido e a reportagem do governo que tantas vezes serve para dar resposta imediata à oposição.
Não é aceitável que, de forma célere, se procure a resposta a uma conferência de imprensa da oposição mas a contrária não seja verdadeira. Finalmente, não é aceitável que, em matéria polémica para o governo, o DN-Madeira, no dia seguinte publique trabalhos que a RTP não consegue chegar no Jornal das 9 do dia anterior. E mais e mais e mais...
A RTP segue uma agenda. Melhor seria que, norteada por critérios de total e rigorosa independência e autonomia editorial, não cumprisse a agenda dos partidos e fosse plural noutros aspectos em que manifestamente não é. Por aí seria muito mais respeitada e acreditada. E o curioso disto é que a culpa não é, certamente, dos jornalistas. Se eles sentissem as costas quentes, outro seria, como é óbvio, o modelo que serve a alguns mas que esconde a realidade.

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