Os valores hoje publicados pelo DN-Madeira e que se reportam a um estudo do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em parceria com a Direcção Geral de Desenvolvimento Regional, demonstram que, afinal, na Região Autónoma da Madeira temos 80.854 pobres. Isto é, mais de um terço da população é pobre. Trinta anos depois, uma cifra destas, seria motivo mais do que suficiente para acabar com a hegemonia política do PSD-M. Esta é a prova evidente do fracasso das estratégias seguidas. O fracasso de uma aposta no consumo de materiais de construção e não na formação básica, complementar e especializada da população. As 73 instituições de solidariedade social espalhadas pela Região constituem a prova dos sérios constrangimentos familiares. Uma situação destas, tarde ou cedo, só poderá resultar em tragédia: abandono escolar e precoce, insucesso, ausência de qualificação profissional, limitação na capacidade criativa e empreendedora, comportamentos desviantes, crime, enfim, insegurança. Estamos face a um pesadelo face ao qual torna-se necessário agir rapidamente.
O problema é grave e quando o governo dá evidentes sinais de despreocupação, quando o governo continua a falar alto abafando as vozes que denunciam esta calamidade social, quando se compagina aquela cifra com a dívida pública que ascende a mais de três mil milhões de euros, quando se olha em redor e vemos os empregadores aflitos com a situação, quando o mundo do trabalho é afectado pelo despedimento e pela precariedade, é evidente que se torna necessário tomar medidas. O voto de censura ao governo, apresentado pelo PCP, justifica-se plenamente. Mas não pode ficar por aí. Há necessidade de um grande esclarecimento junto da população, há a necessidade de abaná-la para que ela tome consciência que as causas deste desastre e o causador desta preocupante situação não está no Continente mas sim dentro da própria Região e nas políticas megalómanas seguidas.
Ainda ontem escrevia aqui sobre a necessidade de debater, na RTP-M, aos olhos de todos os madeirenses, a política económica de uma forma séria, honesta e profunda. Está criada mais uma situação que dará para perceber a independência do serviço público que está, repito, muito para além da simples contabilidade do número de peças divulgadas.
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