Volta e meia, em datas assinaladas, umas centenas de pessoas realizam alguns percursos sob a designação de "Marcha pela Saúde". A última das quais foi promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. É evidente que perante esta instituição me curvo face à importância do seu notável trabalho, constituindo aquela iniciativa uma forma de chamar à atenção não só para a instituição mas, sobretudo, para os dramas que o cancro opera e para os esforços que há necessidade de desenvolver no sentido de uma vitória sobre a doença.
Outra coisa, porém, é o desenvolvimento de actividades pretensamente enquadradadas na generalização das práticas físicas tendo como pano de fundo a saúde. Aí a história é outra. De facto, este tipo de iniciativas, de características anuais, não resultam em qualquer benefício quer no âmbito de generalização quer no que concerne aos contributos no quadro de uma melhor saúde. E tanto assim é que há vários anos que estas práticas acontecem e os índices globais de participação desportiva continuam a ser os piores da Europa. A Madeira encontra-se na média do País, isto é, a taxa de participação desportiva não vai além dos 23% e destes apenas 8% têm uma actividade regular de três vezes por semana. Uma taxa calculada no intervalo 15-74 anos que, inclui, como é evidente, os escolares. Trata-se de estudos realizados, de dez em dez anos, em todos os países europeus e subordinados ao mesmo protocolo de aferição.
Ora, o crescimento da actividade física e, por extensão, as respectivas repercussões no plano da saúde, só é possível através de um novo paradigma da actividade física e desportiva no meio escolar. Enquanto não houver coragem política para substituir a Educação Física curricular pela disciplina curricular de Educação Desportiva, subordinada como é óbvio, a um novo quadro organizacional e programático, não será possível caminhar no sentido de uma actividade física e desportiva tendencialmente assumida como necessidade cultural.
Mas há muito que se diga sobre esta matéria. Voltarei ao assunto.
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