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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A POLÍTICA DA SUBORDINAÇÃO!

A Deputada do PSD-M, Sara André, assina, hoje, um artigo de opinião no DN o qual não me parece ser tão inocente quanto isso. Não se trata de matéria, ou melhor, de um assunto novo. Quantas e quantas vezes, de uma forma directa ou indirecta, tais reflexões foram feitas por outros articulistas! Quantas? Só que o facto de ser escrito por uma Deputada do partido maioritário ganha outra relevância. Apenas transcrevo duas passagens:
"(...) Todos nós conhecemos pessoas que são excelentes profissionais, super honestos, que pagam os seus impostos e todas as suas obrigações institucionais e que enchem o peito de orgulho por serem assim. Paradoxalmente, quantas vezes, essas mesmas pessoas, nas suas relações pessoais e humanas, agem de forma egoísta e sem o mínimo respeito pelos outros. Será que usar a influência política, a pressão de hierarquia laboral ou, simplesmente, os sentimentos dos outros é menos mau do que roubar materialmente alguém? A verdade é que, se pensarmos bem, a diferença reside no que institucionalizamos como crime. A hipocrisia está montada" (...) "Não adianta dizerem que o livro estava aberto, tudo era claro e transparente, e que as pessoas só aceitaram as situações porque quiseram. Ridículo, se pensarmos as coisas no plano das necessidades e dos sentimentos das pessoas. Obviamente, não estou a falar do "ladrão que rouba ladrão", se me faço entender! Falo de situações em que as pessoas não podem dizer que não, mesmo que não seja algo de grave ou de delito, a um patrão, quando necessita daquele emprego para sustentar a sua família. Falo de subordinados políticos que são propositadamente "obrigados" a defender determinada matéria, num jogo de demonstração de força".
É evidente que estes dois excertos, muito bem ornamentados no sentido de dizer aquilo que lhe vai na alma embora não dizendo, tem uma leitura política. Todo aquele texto tem, no fundo da escrita, o remetente e os destinatários. E quem acompanha, do exterior, a correlação de forças que é sensível, percebe que aquele texto até tem endereço(s) e código postal. Trata-se de um jogo muito complexo de gerir e que indicia duas coisas: primeiro, que nem tudo é pacífico nas hostes do PSD-M pois há evidentes sinais de fracturas e lutas internas pelo poder; em segundo lugar, porque a Deputada Sara André não tem o peso político, por exemplo, do Prof. Virgílio Pereira, pode estar a ser ela própria (se for, ainda bem, pois só a credibiliza) ou parte integrante de um grupo que se opõe ao "patrão" e, aí, o jogo poderá terminar com a sua derrota, embora se saiba que, também na política, "há mais marés que marinheiros". O futuro o dirá.

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