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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

UM DESPORTO AO SERVIÇO DA POLÍTICA OU AO SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTO? (I)

Já aqui o referi bastas vezes que a política desportiva regional, para além de não corresponder aos interesses da população em diversos domínios, encontra-se, hoje, numa situação de rotura financeira total.
Ontem, a RTP-Madeira trouxe a lume a situação do Caniçal, clube que milita nos quadros do futebol nacional e que tem, segundo foi dito, quatro meses de pagamentos em atraso. Não é caso único. Por toda a Região o problema é sensivelmente o mesmo. Existem graves dificuldades para manter activo o "monstro" criado. Este é, definitivamente, um desporto ao serviço da política e não um desporto ao serviço do desenvolvimento. E ao serviço da política já não há volta a dar à rotura e às angústias que por aí vão, travadas e engolidas em seco em nome do governo que suporta esta ruinosa política. Mas um dia, estou certo que não levará muito tempo, conhecer-se-ão a dimensão do "monstro", as responsabilidades assumidas e não liquidadas, os processos que andam em várias comarcas do País e os seus responsáveis.
Esta loucura há tantos anos é denunciada, esta forma megalómana de construir instalações desportivas não acompanhadas de um trabalho nas dimensões da sensibilidade cultural para a sua utilização, promoção e organização; esta política de subsiodependência persistente; esta absurda aposta no associativismo (embora seja um direito constitucional) que levou a que a Região, tão limitada no espaço, tenha três vezes mais o número de clubes e de associações do que de freguesias; esta ausência de sensibilidade para as características de uma Região pobre, assimétrica e dependente; este esquecimento que o desporto pode apenas ser a primeira das segundas necessidades, é evidente que só poderia conduzir ao descalabro.
O problema está aí, resta saber se há coragem, em sede de Plano e Orçamento Regional, cujo debate se inicia no próximo dia 9 de Dezembro, de proceder ao início das mudanças que se impõem.

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