Os Deputados do PSD-M na República abstiveram-se na votação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Uma abstenção que se enquadra na lógica da sistemática guerrilha institucional. Dizem defender uma Autonomia progressiva, porque ela é sempre inacabada, inclusive, alguns líricos, para consumo interno, até falam de um percurso para a "independência", mas têm sempre qualquer coisa na manga que os faz estar sempre num registo esquisito e duvidoso. O Povo tem uma expressão interessante para situações congéneres: "o que tu queres sei eu!". É isso. Se analisarmos ao pormenor todas as variáveis do discurso político do PSD-M encontramos tantas contradições, num sistemático "baralhar e dar de novo" que só apenas aos distraídos pode convencer.
Agora é a história que "as próximas eleições para a Assembleia da República, serão o momento próprio para submeter a referendo da população da Região Autónoma, as propostas de alteração da Constituição, visando clarificar e reforçar as Autonomias Regionais, legitimando dessa forma a apresentação, na Assembleia da República, de um projecto de revisão constitucional a aprovar, previamente, pela Assembleia Legislativa da Madeira. Deverá ser, pois, no quadro da Constituição revista que terá lugar a iniciativa da revisão do Estatuto Político-Administrativo e a sua adequação a um modelo de Autonomia constitucional mais avançado".
Ora bem, por um lado, querem fazer do próximo acto eleitoral, agora para a República, aquilo que fizeram com a Lei das Finanças Regionais aquando das Legislativas Regionais de 2007. Baralharam o eleitorado e conseguiram uma expressiva vitória à custa disso. Vêm agora com a mesma lengalenga mas com letra diferente. Mas qual referendo qual carapuça? O que está em causa no acto eleitoral de 2009 é o julgamento, pelo Povo, da actuação do Governo da República. Se governou bem ou mal nos últimos quatro anos. Este facto não tem rigorosamente nada a ver com a revisão constitucional e com a posterior adaptação do Estatuto Político-Administrativo. São iniciativas políticas diferentes logo com contextos diferentes. Misturar as duas coisas e fazer crer ao Povo da Madeira que, nas eleições para a formação de uma nova Assembleia da República, está em causa a revisão constitucional e, a partir daí, assentar toda a sua propaganda na base desse hipotético referendo às propostas do PSD-M, significa que o PSD-M, neste momento, nem confiança em si próprio tem, a partir do facto de necessitar de inventar quadros instrumentalizadores das opções do eleitorado. Trata-se de uma estratégia que apenas denuncia a sua própria fragilidade.
Mas este é um assunto que tem muito que se lhe diga. Os próximos meses serão clarificadores das reais intenções da actual maioria na Assembleia Legislativa da Madeira.
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