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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A CRISE E OS MILHÕES

Escreveu o Dr. Mário Soares, um Homem cada vez mais lúcido:
"A crise aprofunda-se e generaliza-se. Os Estados desviam milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas. Será necessário. Mas o povo pergunta: e as roubalheiras, ficam impunes? E o sistema que as permitiu - os paraísos fiscais -, os chorudos vencimentos (multimilionários) de gestores incompetentes e pouco sérios, ficam na mesma? E os auditores que fecharam os olhos - ou não os abriram suficientemente - e os dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado, com a mesma desfaçatez com que antes reclamavam “menos Estado” e mais e mais privatizações?"
Faltam Homens destes ao Estado. Homens que pela sua credibilidade política e prestígio internacional, conseguem dizer bem alto e serem escutados em defesa de uma organização social e institucional que se pretende honesta e não promiscua, séria e transparente e não corrupta. Palavras que se aplicam, embora com outros contornos e com as respectivas adaptações, àquilo que se passa aqui mesmo em nosso redor. À pequena escala, na dimensão regional, com os favorecimentos (tudo com base legal), as riquezas mal explicadas, a aplicação do erário público em obras megalómanas e sem retorno económico e social, o crescimento rápido de uns em contraponto ao apagamento de muitos. Ora, quando o ex-Presidente da República fala de "dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado..." não está a referir-se somente à questão das trapaças do mundo financeiro, mas a muitas outras situações. Eu, sem receio e sem qualquer oportunismo, extrapolo e aproximo tais preocupações de outras situações conhecidas e que, pessoalmente, repudio. Mas, enfim... melhores tempos virão!

4 comentários:

João Carvalho Fernandes disse...

O pior é quando se vai ver o Conselho Fiscal da Fundação Mário Soares e estão lá 3 banqueiros, encabeçados por Jardim Gonçalves!

Um Feliz Natal para si e seus familiares. cps

André Escórcio disse...

Tem razão. Tudo isto é muito complicado. No entanto, quero acreditar e manter a imagem de um Homem que não se deixou corromper pelo poder e que, hoje, tem coragem para tocar nas feridas, mesmo quando elas sangram no seu próprio partido.
Um abraço e um Bom Natal para si e para os seus familiares.

Anónimo disse...

Pelas mais variadas razões,há quem goste, e quem não goste, de Mário Soares.
E,não gostando, metê-lo no mesmo saco dos "espertos" responsáveis pelo descalabro(ético,moral e financeiro) vai uma grande distância.
O Conselho Fiscal da Fundação com o seu nome, integra três banqueiros?! Pois, ainda bem!
Mutatis mutandis,uma família minha conhecida,sempre que se ausenta em férias, deixa a guarda da sua residência ao cuidado de um "bom rapaz", sobejamente conhecido pelas suas "boas acções"...
E goza as ditas férias perfeitamente tranquila.
De facto, a questão que se coloca é a seguinte:
Para fiscalizar(não para administrar, note-se)quem melhor que os "peritos", que sabem, de cor e salteado, como elas se fazem?!
Pois é...
Será que aquela família é tola ou ingénua?

Anónimo disse...

Senhor Pica-Miolos II
Agora já entendi tudo!
Então é isso!!! Administrar não é o mesmo que fiscalizar!
Então é por isso (segundo dizem as más-línguas) que quem administra esta nossa terra está podre de rico e a gente anda pela hora da morte.
Se calhar foi por lapso(tomando a sua situação pela de todos) que disseram a Bruxelas que a Madeira era rica e lá se foi um ror de milhões...e agora dizem que a culpa é de Lisboa.
Ah! Povo enganado!